terça-feira, 16 de agosto de 2011

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James Pereira Professor da EBD


Parecidos com Cristo? Quem? Nós?

Não é de hoje que o termo cristão tem sido utilizado para designar tudo que “é relativo ao cristianismo, ou que o professa” conforme define Aurélio Buarque de Holanda Ferreira em seu dicionário. Ou então para indicar “aquele que professa a religião de Cristo” segundo o Dicionário Online de Português. Também não é de hoje, nem de ontem, tampouco de anteontem que esse pequeno vocábulo dissílabo é usado em nossa querida língua portuguesa. Na verdade, a palavra como conhecemos hoje é originada do latim CHRISTIANUS, cujo significado é “seguidores da doutrina de Cristo”, ou “aqueles que são parecidos com Cristo”.
Talvez você esteja lucubrando, caro leitor, sobre a importância dessa elucidação no início deste texto, todavia, gostaríamos de destacar que nosso objetivo aqui não é apresentar uma miniaula de Língua Portuguesa, mas ponderar sobre algumas qualidades que Jesus apresentava em sua vida terrena que nós, como seus seguidores, devemos preservar contínua e incondicionalmente para que de fato possamos ser classificados como CRISTÃOS.
É incontestável que Jesus foi uma pessoa sem comparações e que seus atos foram tão puros e carregados de ensinamentos que sempre confirmavam tudo que Ele dizia. Jesus não era (e não é) nenhum disseminador da famosa frase “faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço”. O que Ele falava, Ele fazia. O que fazia, falava. E é exatamente por isso que todos os seus ensinamentos são cheios de autoridade, pois somente uma pessoa que dá o exemplo pode sugerir, cobrar e ordenar que seus seguidores façam o mesmo.
Nos quatro primeiros livros do Novo Testamento pode ser observada uma verdadeira aula de comportamento, onde Jesus com muita serenidade e amor induzos seus discípulos a promoverem um estilo de vida baseado no amor. Este, porém, é elucidado por Jesus como a principal insígnia do cristão (Jo. 13:34-35), ou seja, a principal marca, símbolo ou distintivo que indica que somos, de fato, seus seguidores.
Se partíssemos apenas deste princípio – o de amar uns aos outros – ficaria mais do que evidenciado que muitos de nós, que autoproclamamos cristãos, não chegaríamos nem perto de uma profunda semelhança com Cristo.Isso é um exagero! Você pode exclamar. Todavia, quando observamos tudo que está em nossa volta, especificamente aquilo que está bem próximo de nós, ou até mesmo a congregação que fazemos parte, é possível perceber que não há exagero nenhum nessas palavras. São pessoas que desprezam outras (e muitas delas nós chamamos de irmãos e irmãs). São almas que sucumbem diante do desprezo e da falta de interação por causa da displicência dos “veteranos na fé”.
Se não estiver concordando com essas palavras (e você tem todo direito de discordar), basta atentar para sua congregação e com certeza você concluirá que talvez nós estejamos com certa razão. Contudo, se depois de uma minuciosa observação, aindanão conseguir notar o que está acontecendo na sua igreja que muito difere dos ensinos de Jesus, restar-nos-á apenas algumas comparações entre os que “cristão se dizem ser” com o maior exemplo de vida que alguém pode seguir – Jesus Cristo.
Algumas situações apresentadas a seguir são exemplos extraídos do Texto Sagrado. Outras são experiências de alguns irmãos e algumas irmãs. Outras são apenas situações hipotéticas. Porém, todas elas nos fazem refletir se somos ou não parecidos com Cristo.
Retomemos a referência de João 13: 34-35 (se você não teve curiosidade de ler, faça isso agora), percebemos que muitos de nós não levamos a sério essa mensagem. Note que Jesus deixou claro que nossa identificação como seus discípulos só seria possível se nos amássemos uns aos outros. Jesus amou? Sim, Ele amou e muito! No versículo 34 Ele deixa isso bem claro. Todavia, o amor não se expressa em sua plenitude em palavras, mas em ações. E Cristo provou seu amor ao morrer na cruz. Além disso, em todo o período que viveu na terra, Ele fez muitas demonstrações públicas de que de fato amava o ser humano. Vejamos algumas delas.

O caso da mulher adúltera (Jo. 8:1-11)

Nessa situação, pode-se observar que Jesus usou seu amor para absolver uma mulher que já estava totalmente condenada à morte pelos “especialistas em Deus”. Isso mesmo! ESPECIALISTAS EM DEUS! Pessoas que se julgavam melhores que outras e que enchiam seus peitos para dizerem que eram verdadeiros observadores da Lei. Eram sacerdotes, escribas, líderes religiosos de diversos segmentos que deveriam ser exemplos de amor e compaixão com o próximo. Contudo, eles, numa real tentativa de flagrar Jesus em um erro, preferiram expor uma mulher ao mais alto grau de constrangimento seguido de sentença de morte a concedê-la uma nova oportunidade de rever seu comportamento e arrepender-se.
Jesus, cheio de compaixão e amor, criou uma circunstância onde todos aqueles falsos moralistas teriam que recorrer à própria consciência. Cristo lembrou-lhes que todos estavam numa vida de pecado. Que atitude maravilhosa! Mas, e nós? Quando nos deparamos com uma situação semelhante, como reagimos? Será que é fácil lembrar-se de algum caso semelhante? Claro que sim. Basta buscar na memória os obreiros que “caíram” em adultério que nós, em nossa arrogância, os isolamos. Os jovens que por força dos desejos carnais não esperaram pelo casamento e mantiveram um relacionamento íntimo exclusivo a marido e mulher. As moças que engravidaram antes do casamento e algumas delas nós até ignoramos, pelo simples fato de muitos considerarem o erro cometido por elas o pior de todos os pecados.
Enfim, devemos nos recordar das pessoas que se distanciaram simplesmente porque cometeram uma falha relacionada ao sexo e que por esse motivo nós as abandonamos porque não suportamos pessoas que não conseguem controlar seus desejos. Será que Jesus faria isso? Somos parecidos com Ele nesse aspecto?

O caso do cego de Jericó (Mc. 10:46-52)

Uma das coisas que mais chama a atenção nesta história é a forma como muitos repreendiam o cego para que ele não obtivesse o que mais desejava – o milagre da cura. Nesta situação, Jesus faz questão de interromper sua caminhada para atender um ser que muitos não dariam a mínima para ele. Um cego. Um homem jogado na sarjeta. Discriminado. Humilhado. Sem expectativas.
Perceba que Jesus chegou a Jericó acompanhado de seus discípulos e de uma grande multidão (versículo 46), mas isso não O impediu de anteder a um simples cego. Jesus, o maior homem do mundo, ouviu o clamor de um cego. Parou sua caminhada por causa de um cego, simplesmente porque amava. E nós? Que faríamos?
É comum ver em nossa congregação pessoas com deficiência visual. Temos uma irmã em Cristo que não dispõe de sua visão para contemplar as belezas da criação de Deus. Não há dúvidas de que essa irmã sente profundas tristezas por não poder ver o amanhecer, o entardecer e o anoitecer. Por não poder enxergar os rostos alegres de seus irmãos em Cristo. Por não conseguir ir a algum lugar sozinha. Mas, sua tristeza talvez se agrave por não ser muitas vezes notada por aqueles que afirmam ser seus irmãos na fé.
Tem-se observado em nossa congregação a falta de atenção com essa irmã e com outros em situação similar. Alguns irmãos passam muitas vezes por ela e nem a cumprimentam. Nós não procuramos saber quais sãos suas necessidades. Não nos importamos com ela. Às vezes, nem os que ocupam posição de liderança se dispõem a, pelo menos, saudá-la com uma doce e meiga “PAZ DO SENHOR”. Por causa dessa atitude sórdida, surge a seguinte pergunta: o que faria Jesus nessa situação? O texto em citação mostra exatamente o que Ele faria se estivesse em carne e osso em nossa igreja. Lembremos que Cristo parou por causa de cego de Jericó. Nós, todavia, não paramos um segundo para cumprimentá-la.Será que somos parecidos com Ele também nesse aspecto?

O caso da mulher samaritana (Jo. 4:5-30)

Aqui Jesus mostra seu amorao valorizar uma mulher marcada pela rejeição social. Enquanto muitos, com certeza, a viam como uma “mulher da vida” por causa de seu último relacionamento, o Senhor Jesus a via como uma pessoa necessitada de um Salvador. Sua conversa com ela estava isenta de acusações.
Enquanto isso, nós, algumas vezes, já olhamos para as pessoas que entram em nossa congregação com um olhar carregado de preconceito. Se for um bêbado, por exemplo, não perdemos a oportunidade de recriminá-lo. Não são poucas as pessoas que entram na nossa congregação à procura de um refúgio para sua alma. Não são poucos os indivíduos que buscam salvação em Jesus e que nós desprezamos por causa de sua condição social ou econômica. Ao agirmos dessa forma estamos nos parecendo com Cristo?

Lavando os pés dos discípulos (Jo. 13:1-20)

Como pode! Um ser tão excepcional feito Jesus lavar os pés de uma dúzia de seres humanos que não sabiam o verdadeiro significado de servir! Ao lavar os pés de seus seguidores, Jesus estava mostrando, na prática, como Ele queria que nós nos tratássemos. Ele desejava que nós fôssemos servos um dos outros como bem ratificou o apóstolo Paulo (Fp. 2:3). Com essa atitude, Jesus não quis se apresentar como um coitadinho, ou como um líder prepotente e arrogante que usa esse tipo de artifício para de forma indireta mostrar aos liderados que ele só está fazendo aquilo por que “quem deveria fazer, não o fez”. Jesus não precisava disso!
Ele lavou os pés dos discípulos para demonstrar seu amor. Para que nós entendêssemos que o pastor-presidente pode servir ao pastor que serve ao evangelista que serve ao presbítero que serve ao diácono que pode servir ao membro e que todos podem servir uns aos outros.
Entretanto, nossa conduta tem sido um pouquinho diferente do exemplificado e recomendado por Jesus. O que tem de fato acontecido é o inverso. Nós não queremos servir. Queremos ser servidos. Se Jesus determinou o contrário do que praticamos, é óbvio que estamos cometendo um pecado e consequentemente indo para o inferno. MISERICÓRDIA!
Nos dias atuais, nós passamos uns pelos outros e não nos cumprimentamos. As pessoas deixam de ir aos cultos e nós não procuramos saber o que está acontecendo com elas. Recebemos mais responsabilidades na igreja e não damos mais valor aos demais membros. Só para ter uma ideia, há presbíteros que passam por uma multidão e nem saúdam os irmãos que ali estão. Diáconos que passam pelos membros e não procuram interagir com eles. Há pastores que nem sabem por que as ovelhas estão desaparecendo, e é bom lembrar que Jesus ensinou que o verdadeiro pastor deixa as noventa e nove ovelhas guardada e sai em busca da centésima que se perdeu.
E os líderes de conjunto? Muitos componentes se afastam e os coordenadores só vão visitá-los um ano após do “desaparecimento” desses componentes. Os professores de Escola Bíblica, por sua vez, também não ficam de fora dessa triste prática de abandono e falta de serviço ao próximo. Muitos desses professores percebem a evasão escolar e não agem para reverter essa situação, sem deixar de mencionar também a falta de comprometimento no estudo da Palavra de Deus. Que situação!
É evidente que não estamos servindo com diligência. Não estamos muito preocupados com a ausência das pessoas em nossas igrejas (a não ser que as ofertas diminuam). Não estamos olhando para as pessoas como Jesus olha, não amamos como Ele ama, não cuidamos como Ele cuida. Será que somos realmente cristãos? Somos de fatoparecidos com Cristo? Fica esta última pergunta para reflexão.

Postado em 16 de agosto de 2011

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