SUL DO SUDÃO - Quando tinha sete anos de idade, Francis Bok, um cristão do sul do Sudão, foi capturado e vendido como escravo por invasores árabes. Bok passaria os próximos dez anos como escravo antes de fugir.
Eventualmente, com a ajuda de grupos cristãos, ele emigrou para os Estados Unidos onde tem se dedicado a contar sua história e o sofrimento dos outros cristãos sudaneses. Agora ele conta uma versão atualizada do conto, no qual o final ainda está para ser escrito.
A história diz respeito a um referendo marcado para 09 de janeiro de 2011. Naquele dia, o povo do sul votará para se manter parte do Sudão. Mesmo que o resultado da eleição tivesse sido positivo, o que não foi, ainda haveria razão para temer o que acontece depois da votação.
Guerra Civil
Um funcionário do governo deu a entender que o governo "não irá reconhecer" os resultados do referendo. O motivo é que o Movimento de Libertação do povo do Sudão (tradução livre) não cumpriu as suas obrigações no acordo de 2005 que pôs fim a uma guerra civil de 22 anos.
A guerra matou pelo menos 2 milhões de pessoas no sul e obrigou outros 4 milhões a fugir de suas casas. Seguiu-se uma tentativa de impor a Lei Sharia sobre os cristãos do Sudão e animistas. Aqueles que não foram mortos ou se tornaram refugiados eram muitas vezes, como Francis, escravizados.
Tendo em conta esta história fatalista, é esperado que os sulistas votem pela independência, e que o governo sudanês os deixe ir. Não que este tenha mudado sua atitude em relação à população cristã, mas porque estão vivendo em cima de reservas de petróleo do país.
Essa é a verdadeira razão de Khartoum (a capital) não reconhecer os resultados: Se o sul se tornar independente, levará a economia do país com ele.
O governo sudanês já provou, tanto no sul e mais recentemente em Darfur, que está disposto a repetidamente cometer crimes contra a humanidade para conseguir o que quer. O presidente do Sudão, Omar al-Bashir, já foi acusado de genocídio e crimes contra a humanidade pelo Tribunal Penal Internacional.
Preocupação Internacional
Francis tem cruzado o país alertando o público sobre a probabilidade de haver grande violência logo após o referendo de 09 de janeiro. E ele não está sozinho: a secretária de Estado Norte Americano, Hillary Clinton chama o Sudão de “uma bomba-relógio."
A declaração de Dennis Blair, diretor Nacional de Inteligência foi preocupante. Ele disse ao Congresso que o sul do Sudão era o mais provável candidato para "um assassinato em massa ou genocídio novo."
Apesar da retórica, Francis diz que ele e seus compatriotas estão preocupados, e tem razão, pois, a única maneira de os Estados Unidos protegerem os sudaneses é deixar claro que ficar parado e não fazer nada é inaceitável.
Fonte:http://www.portasabertas.org.br/
Postado em 02 de dezembro de 2010
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