terça-feira, 30 de novembro de 2010

Pastor acusa policiais de roubo no Complexo do Alemão

Com comprovante bancário, assembleiano dá queixa de roubo de 31 mil reais referentes a seu FGTS


Denúncias de que policiais estão saqueando casas de moradores durante as operações no Complexo do Alemão, em Ramos, e na Vila Cruzeiro, na Penha, levaram à criação de uma ouvidoria em caráter emergencial. O órgão será inaugurado nesta terça-feira, às 14h, no 16º BPM (Olaria). As autoridades são unânimes em afirmar que uma minoria de maus policiais não pode manchar o sucesso da operação de retomadas favelas. Equipes da Corregedoria Geral Unificada (CGU) já estão circulando na comunidade para investigar as queixas dos moradores. Cerca de 2.700 homens das polícias e das Forças Armadas participam da operação.

Antes mesmo do início da instalação da ouvidoria, o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, o comandante-geral da PM, Mário Sérgio Duarte, e o chefe de Polícia Civil, Allan Turnowski, se reuniram para discutir o assunto. Quando juntou a tropa no pátio do 16 BPM (Olaria), dando as últimas orientações para a tomada dos complexos na semana passada, Mário Sérgio ameaçou expulsar os policiais corruptos "em forma", ou seja, apontando o culpado na frente dos colegas. Há 30 anos isso não ocorre na PM do Rio.

As denúncias serão discutidas durante a reunião de avaliação da Secretaria de Segurança, que deve ocorrer nos próximos dias. A ideia da ouvidoria surgiu depois que Mário Sérgio soube das denúncias de moradores sobre furtos e roubos de objetos pessoais nas favelas dos Complexos da Penha e de Ramos.

O representante de vendas e pastor da Assembleia de Deus Ronai de Almeida Lima Braga Júnior, de 32 anos, foi até à 22ª DP (Penha) registrar o roubo de R$ 31 mil em dinheiro. Segundo vizinhos a soma teria sido roubada quando a casa em que o pastor mora, na Rua 16, foi invadida por um policial que usava farda preta, com o nome de Carlos e o tipo sanguíneo A positivo escritos no colete. A casa teria tido seu interior totalmente destruído.

Ronai somou o dinheiro que guardava com a quantia referente ao seu Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). À DP, Ronai levou três comprovantes nos valores de R$ 5.300, de R$ 10.520 e de R$ 4.729. Ele afirmou que recebeu a quantia há poucos dias e que não teve oportunidade de depositá-la. Imagens gravadas pelo repórter fotográfico Iano Andrade do jornal Correio Brasiliense, na manhã de segunda-feira, e veiculadas pelo Jornal Nacional, da Rede Globo, mostram a revolta do pastor. Ele elogia a operação dizendo que ela é necessária, mas culpa pelo roubo a quem classificou de maus policiais.

"Eu entendo que tudo isso tem que acontecer para que se tenha uma melhora. Mas eu sou contra, estou revoltado com esses maus elementos que usam a farda para prejudicar o cidadão brasileiro", disse, visivelmente emocionado.

A delegada titular da 22ª DP, Márcia Beck, disse nesta segunda-feira à tarde que não havia sido notificada de nenhuma apreensão em dinheiro e que iria investigar a denúncia.

É costume entre os policiais da banda podre ficar com os pertences de traficantes após as operações. É o que eles chamam de "espólio de guerra". As imagens de duas TVs de LCD danificadas por tiros, além de outros eletrodomésticos destruídos na mansão do traficante Alexander Mendes da Silva, o Polegar, no Complexo do Alemão, durante a operação, têm um motivo: o bandido não queria que seus móveis fossem saqueados por policiais.




Fonte:http://www.cpadnews.com.br/
Postado em 30 de novembro de 2010

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