"A comunidade hoje pertence ao Estado'', anunciou o delegado responsável pela operação
Uma operação conjunta do Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais), da Polícia Militar e da Polícia Civil, que contou ainda com o inédito apoio logístico da Marinha, expulsou hoje o tráfico da Vila Cruzeiro (zona norte do Rio), favela considerada como a principal fortaleza do crime na cidade. "A comunidade [da Vila Cruzeiro] hoje pertence ao Estado'', anunciou ao fim das operações o delegado Rodrigo Oliveira, subchefe operacional da Polícia Civil do Rio.
A contrariedade dos traficantes com as UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora), presentes em 13 favelas do Rio, é apontada pelas autoridades fluminenses como motivo da onda de arrastões e ataques incendiários a ônibus e carros particulares iniciada no último domingo.
Desde então, 75 veículos foram queimados - 33 só hoje. Apenas um dos ataques foi na zona sul, área mais rica e turística da cidade. Imagens da TV Globo feitas a partir de helicópteros e transmitidas ao vivo mostraram dezenas de bandidos fugindo da Vila Cruzeiro para o Complexo do Alemão.
As imagens exibiam centenas de traficantes armados correndo por ruas de terra; outros subiam de moto. A operação da polícia contou com cerca de 450 policiais, sendo pelo menos 120 homens do Bope, 40 do 16º BPM e 60 da Polícia Civil. Para entrar na favela, foram usados seis veículos blindados cedidos pela Marinha, do modelo americano M113, usado na Guerra do Iraque.
Antes da fuga, os bandidos tentaram retardar ao máximo a entrada da polícia na favela, incendiando dois caminhões das Casas Bahia e colocando blocos de concreto para servir de barricada. Houve intensa troca de tiros no momento da entrada dos policiais na favela.
Pelas imagens feitas de helicópteros foi possível acompanhar mais de cem homens, armados com fuzis e carregando mochilas, fugindo numa picape, em motos e a pé para o Complexo do Alemão. As câmeras do helicóptero flagraram os bandidos numa longa fila indiana subindo a encosta de um morro separando as duas comunidades.
Ao se reagruparem no Alemão, já sabendo que estavam sendo filmados, alguns bandidos exibiram seus fuzis de forma desafiadora. O Alemão foi palco, em 27 de junho de 2007, de megaoperação com 1.350 homens das polícias Civil e Militar e da Força Nacional de Segurança. Houve 19 mortos.
Na ocasião, laudo independente da Secretaria Especial de Direitos Humanos, feito a pedido do próprio governo do Rio, indicou que cinco dos mortos foram atingidos por tiros de curta distância e que, em 14 deles, foram encontrados 25 tiros que os atingiram pelas costas. Hoje, o Hospital Getulio Vargas, próximo à Vila Cruzeiro, atendeu seis pessoas feridas na ocupação.
Sem UPP
A Secretaria de Segurança do Rio disse que a ocupação da Vila Cruzeiro seguirá por tempo indeterminado, mas que não haverá a instalação imediata de uma UPP na comunidade -para isso, seria necessário um efetivo de 2.000 a 3.000 novos policiais, hoje indisponível.
Fonte:http://www.jneweb.com.br/
Postado em 26 de novembro de 2010
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