A Organização Metropolitana, que visa pressionar o Congresso a aprovar uma reforma migratória ainda em 2010
O Reverendo John W. Bowie sabe que é difícil divulgar a idéia em sua vizinhança de que é necessário apoiar mudanças nas leis de imigração para que seja possível a legalização de estrangeiros ilegais. Sua igreja fica localizada em uma das comunidades afro-americanas mais antigas de Houston (TX), onde o índice de desemprego é alto e, conseqüentemente, as pessoas consideram os imigrantes rivais na busca por trabalho.
Ainda assim, ele subiu ao púlpito da True Light Missionary Baptist Church no feriado de 4 de Julho, com um coro completo ao fundo, encorajando seus fiéis a apoiarem uma reforma ampla nas leis migratórias que “deixe todos aqueles sem documentos sair das sombras”.
“Todas as 13 colônias eram compostas de estrangeiros ilegais porque eles não obtiveram permissão daqueles que já eram residentes aqui, que eram os índios. Esses imigrantes, nós imigrantes, construímos a maior nação do mundo, vindo de todos os lugares, porque, você vê, ninguém é dono desse mundo, exceto Deus”, disse Bowie.
Por toda Houston, uma rara demonstração de solidariedade ecumênica sobre um assunto polêmico, inúmeros pastores, padres rabinos e ministros utilizaram seus sermões no Dia da Independência para promover a tarefa de consertar um sistema migratório ultrapassado.
O esforço conjunto fez parte de uma ampla campanha iniciada em janeiro desse ano por um grupo envolvendo várias religiões, a Organização Metropolitana, que visa pressionar o Congresso a aprovar uma reforma migratória ainda em 2010. O grupo já coletou mais de 12 mil assinaturas que serão enviadas aos legisladores e organizou workshops na tentativa de conseguir o apoio de fiéis.
Em 22 de junho, o Cardeal Daniel DiNardo, líder da Arquidiocese de Galveston-Houston, fez um forte apelo através de cartas enviadas a todas 150 paróquias para que incluíssem o assunto em seus sermões no fim de semana. Posteriormente, líderes das igrejas Metodista, Episcopal e Luterana fizeram pedidos similares em seus ministérios. Alguns líderes judeus também se juntaram à campanha.
Muitos membros do clero disseram que enfrentarão um grande desafio em suas congregações, algumas delas com tendências conservadoras com relação à questões sociais e que consideram imigrantes em situação irregular violadores da lei. Além disso, a ação gerou críticas de radialistas de direita.
“Não é a mesma coisa de fazer um sermão aos fiéis, em comparação”, comentou o Reverendo James Bankston, da St. Paul’s United Methodist Church em Houston. Encarando uma igreja lotada por maioria branca, Bankston os incentivou a tentar “encontrar uma política migratória que conserte o que está errado”.
“Saber conviver com os vizinhos em nosso mundo nem sempre é fácil”, disse ele.
Depois do culto, alguns fiéis discordaram abertamente com o pastor, embora alguns deles reconhecessem que o assunto era complicado demais para eles. “Obviamente, numa igreja tão grande como esta, existem perspectivas diferentes”, disse o Dr. Thomas Leffler, cirurgião ortopédico. “Acho que existem necessidades que precisam ser supridas. Não está funcionando. As fronteiras estão basicamente abertas”.
Sua esposa, Sandy, acrescentou: “Nosso país tem estado mal, historicamente, ao encorajá-los a virem aqui, pela mão-de-obra”.
O polêmico assunto tem provocado divisões em algumas congregações, onde imigrantes tem rezado lado a lado com membros com raízes profundas no Texas. A St. Thomas Aquinas Catholic Church em Sugar Land, um suburbia de Houston, com um grande número de fiéis mexicanos, nigerianos e filipinos, que agora compartilham a igreja com famílias brancas que no passado dominaram a área.
Como muitos envolvidos na campanha, Sam Dunning, um diácono, disse que sua principal esperança era “remover as farpas do debate” e lembrar as pessoas de suas obrigações religiosas de receber bem os estrangeiros.
“Existe um argumento hoje em dia que aqueles que, por ventura, imigrem ou residam aqui ilegalmente não merecem estarem aqui porque eles burlaram a lei”, disse Dunning no púlpito no último domingo (4) à uma platéia de mais de 100 pessoas. “Enquanto nós, também, desejamos viver em uma sociedade baseada na lei, é uma realidade infeliz que a política migratória atual encoraja a violação das leis”.
Já Bowie disse que demorará ainda meses para criar um verdadeiro movimento de apoio à reforma migratória. Simplesmente um sermão não contará para o que ele considera a existência de uma retórica contra os imigrantes entre os eleitores e políticos conservadores.
“É dito para eles, ‘eles estão roubando nossos empregos, eles estão congestionando nossas salas de emergência nos hospitais”, disse Bowie. “A percepção é que trata-se de um problema latino, não um problema negro”.
Fonte:http://news.noticiascristas.com
Postado em 09 de julho de 2010
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