domingo, 22 de julho de 2012

Especialistas discutem se luta deve ser considerada modalidade esportiva

Reportagem do Geração JC esclarece sobre artes marciais e o MMA



Leia a seguir o início da reportagem publicada na revista Geração JC nº 87.


Diante da popularização midiática das artes marciais, algumas perguntas surgem para o cristão: São essas práticas sãs ou pagãs? São violência ou esporte? E elas podem ser usadas como ferramenta sadia ou não de evangelização?

Sobre a origem dessas práticas, como lembra o Instituto Brasileiro de Artes Marciais, as artes marciais confundem-se com o desenvolvimento da civilização, já que se fundamentam no princípio e instinto básicos da legítima defesa. Historicamente, admite-se, baseado em escavações arqueológicas, que o Kung Fu, por exemplo, já existia na China há mais de 5 mil anos. Recentes descobertas arqueológicas também mostram guardas pessoais na Mesopotâmia praticando técnicas de defesa e de imobilização de agressores.

A maioria dessas práticas surgiu e foi difundida por seitas orientais, tendo seus princípios intimamente ligados a religiões como o Budismo e o Taoísmo, que se baseia em um sistema politeísta e filosófico de crenças que assimilam os antigos elementos místicos e enigmáticos da religião popular chinesa, como culto aos ancestrais, rituais de exorcismo, alquimia e magia. Portanto, uma vez que o cristão esteja envolvido com conceitos religiosos e filosóficos orientais em seu treinamento de artes marciais, não convém a ele participar dessas práticas. Porém, por outro lado, no Ocidente, especialmente no contexto moderno, a maioria das práticas marciais está observando apenas a luta e a defesa pessoal em si mesmas, retirando todo caráter religioso. Mas, sempre é bom estar atento, porque sempre há um ou outro grupo que enfatize doutrinas pagãs no treinamento marcial.

MMA


No inglês “Mixed Martial Arts”, em português “Artes Marciais Mistas”, o MMA é uma modalidade que inclui tanto golpes de luta em pé quanto técnicas de luta no chão. Como o Livro de Eclesiastes falou muito bem, não há nada novo debaixo dos céus (Ec 1.9). E se você acha que o MMA foge a essa regra, saiba que esse mix de artes marciais surgiu na Grécia, por volta de 648 d.C. Claro que a versão moderna se baseou em outros movimentos culturais mais recentes, como o “vale-tudo” no Brasil e o “shoot wrestling” japonês.

É verdade que sua popularidade mundial, no entanto, é mais recente. Começou nos Estados Unidos em 1993, quando Rorion Gracie e outros sócios criaram o primeiro torneio de UFC (Ultimate Fighting Championship). Dois anos depois, o torneio foi vendido por 2 milhões de dólares e, atualmente, a marca UFC vale mais de 1 bilhão de dólares.

Conhecido como “vale-tudo”, essa luta era banida em muitos estados norte-americanos e em vários países, devido à sua violência, porém foi recentemente reformulada para ser aceita e hoje já ganha tanto a atenção mundial que até poderá fazer parte do programa olímpico. Segundo informações do jornal “O Estado de S. Paulo”, Lorenzo Fertitta, um dos donos do UFC, trabalha nos bastidores para incluir a modalidade nas Olimpíadas.

Mas, afinal, o que atrai tanto no MMA?


Sem sombra de dúvida, o seu aspecto mais violento. As pessoas não são atraídas para assistir a essas lutas pelo “talento” e “superação” de seus oponentes, ou pela, digamos, “beleza de um golpe”, mas pelo prazer carnal de ver uma briga, e principalmente uma briga muito violenta como ela é. É o mesmo prazer que, séculos atrás, lotava o Coliseu de Roma e levava o público ao êxtase ao ver os gladiadores se ferirem (e, em muitos casos, até se matarem).

“O MMA é a volta das lutas medievais com uma nova roupagem. Vence quem conseguir bater no adversário até acabar com todas as possibilidades de ele se defender”, ressalta o pastor e escritor Ciro Sanches Zibordi, co-pastor da Assembleia de Deus em Cordovil, Rio de Janeiro (RJ). Ele lembra ainda que, devido à maldade no ser humano, as pessoas se agradam em ver cenas violentas, por isso essa modalidade está tão popular. “O que causa espanto é ver cristãos apoiando essa modalidade de luta. Isso mostra que o cristianismo que muitos têm abraçado é um ‘outro evangelho’, divorciado dos mandamentos e princípios da Palavra de Deus”, enfatiza pastor Ciro, que escreve contundentemente contra essa prática em seu blog. “Quem, de fato, tem a Bíblia como a sua regra de fé e prática não consegue ver com bons olhos pessoas ensanguentadas se esmurrando ao som de palavrões e xingamentos”, lembra.

Os riscos para a saúde


O professor de Educação Física Leandro Paiva, em seu artigo “Consequência do Nocaute”, publicado na publicação eletrônica “fisiculturismo.com.br”, em junho de 2010, escreveu alertando sobre os riscos reais para a saúde de quem participa de competições de MMA. Diz Paiva:

“Como telespectador e fã de Boxe e MMA, além das finalizações (MMA), não há nada mais empolgante do que assistir ao fim do tempo regulamentar do combate por nocaute. Apesar de ser algo quase hipnótico e querermos visualizar em minúcias o desfalecimento momentâneo do outro lutador, um trauma na cabeça mais grave ou a sucessão deles em níveis variados pode trazer consequências devastadoras ao atleta. [...] Em modalidades como o Boxe, na qual a probabilidade de lesões no cérebro são maiores comparadas às do MMA, por exemplo, sempre existe o risco de traumas na cabeça e lesões no cérebro. [...] O MMA e o Boxe são esportes em que ferir um oponente é um objetivo explícito, atingindo e danificando o cérebro, por nocaute (MMA ou Boxe), ou lesionando articulações e ligamentos (no caso das finalizações ‘articulares’ realizadas no MMA). Esse fato inequívoco conduziu a uma reviravolta e à mobilização de diversas associações médicas, solicitando a abolição do Boxe e, posteriormente, do MMA (principalmente nos Estados Unidos). Hoje, por intermédio das comissões atléticas que sancionam os dois esportes nos EUA, foram decretadas regras de saúde rigorosas, objetivando manter a integridade dos atletas. Dentre as principais, estão: realização de ressonância magnética (anual e, porventura, antes de algum combate caso seja solicitado); proibição de participação por período determinado em um próximo combate para aqueles que perderam seis vezes consecutivas (independentemente do modo como perdeu) ou em três lutas consecutivas (se a perda foi por nocaute ou nocaute técnico). [...] Essas medidas foram muito importantes para minimizar os problemas associados a golpes na cabeça e possíveis implicações diretas à saúde dos atletas. Todavia, não resolve em definitivo o principal desafio, que é quando a lesão se torna crônica, já instaurada. A preocupação da comunidade científica agora é de encontrar marcadores pré-clínicos, para tentar identificar sinais de lesão antes de o lutador apresentar sintomas permanentes. Assim, poderia até ser recomendado previamente que interrompa a carreira antes de um acontecimento trágico, como a morte, por exemplo”.

Ou seja, hoje, os riscos foram diminuídos, mas as sequelas para quem pratica esse tipo de competição ainda são muito preocupantes. Basta lembrar que já houve quatro mortes em lutas de MMA desde que esse esporte foi aprovado: o primeiro a morrer foi Douglas Dedge, em 1998, em uma luta na Ucrânia; o segundo foi um rapaz chamado Lee, na Coreia do Sul, em 2005; o terceiro foi Sam Vasquez, em 20 de outubro de 2007, ao ser nocauteado no Toyota Center, no Texas (EUA), por Vince Libardi; e, por fim, Michael Kirkham, em 28 de junho de 2010, na sua luta de estreia na Carolina do Sul. Todos esses lutadores tinham entre 30 e 35 anos – Kirkham tinha exatos 30 anos – e nenhum deles tinha doença pré-existente. Morreram em decorrência dos golpes que levaram no ringue. Outros casos, mas fora do ringue, foram o do lutador de MMA Phil Matherson, que foi morto por outro lutador de MMA na rua, em setembro do ano passado; e o do casal de lutadores de MMA Wilbur South e Maryellen Cano, que, em novembro do ano passado, começaram a discutir e brigar em casa usando suas técnicas de luta até que Wilbur matou a esposa e, na sequência, vendo o que fizera, resolveu se matar.


Fonte:http://www.adalagoas.com.br/
Postado em 22 de julho de 2012

0 comentários:

Postar um comentário

Seguidores

Share

Twitter Delicious Facebook Digg Stumbleupon Favorites More