domingo, 4 de agosto de 2013

Papa aponta trabalho de pastores para justificar crescimento de evangélicos

Papa Francisco


Segundo papa Francisco, pastores ocupam espaços onde faltam sacerdotes. Fiéis ficam desassistidos e buscam igrejas evangélicas

 O repórter Gerson Camarotti, da GloboNews, foi o primeiro jornalista do mundo a conseguir entrevistar o papa Francisco, desde que o argentino foi eleito pontífice em março deste ano (2013). O encontro foi na residência do Sumaré (RJ) na quinta-feira (25) e a entrevista foi ao ar no dominical Fantástico no domingo (28). Entre os diversos temas abordados, o religioso falou sobre a perda de fiéis pela Igreja Católica, principalmente para as religiões evangélicas.

 “Pra mim é fundamental a proximidade da Igreja. Porque a Igreja é mãe e nem você, nem eu [referindo ao repórter], conhecemos uma mãe por correspondência. A mãe dá carinho, toca, beija, ama. Quando a Igreja, ocupada com mil coisas, se descuida dessa proximidade, se descuida disso e só se comunica com documentos, é como uma mãe que se comunica com seu filho por carta”, explicou o líder católico.

 Pesquisas recentes, como a do Data Popular, apontam para um maior engajamento dos cristãos evangélicos, demonstrado em diversos aspectos, como maior frequência nos cultos e fé em Deus para uma vida melhor.

 Francisco disse que não conhece detalhes da realidade brasileira: “Não conheço as causas e tampouco as porcentagens. Não conheço a vida do Brasil o suficiente para dar uma resposta”. No entanto, a falta de proximidade entre Igreja e povo foi a hipótese elaborada pelo papa, partindo do seu conhecimento na Argentina, para explicar a queda no número de fiéis.

 Segundo ele, faltam sacerdotes e alguns locais, sobretudo os mais pobres, acabam ficando desassistidos.Ele contou uma história do país vizinho. “As pessoas buscam, sentem necessidade do Evangelho. Um sacerdote me contou que foi como missionário a uma cidade no sul da Argentina, onde não havia um sacerdote há quase 20 anos. Evidentemente, as pessoas ouviam o pastor. Porque sentiam a necessidade de escutar a palavra de Deus. Quando ele foi até lá, uma senhora muito culta disse-lhe: ‘Tenho raiva da Igreja porque nos abandonou. Agora vou ao culto todos os domingos ouvir o pastor, que foi quem alimentou nossa fé durante todo esse tempo’."

 "[...] Falaram sobre isso, o sacerdote a ouviu, e quando ia se despedir, ela disse: ‘Padre, um momento, venha’. E foi até um armário, onde havia a imagem da Virgem. E disse a ele: ‘Eu a escondo aqui, para o que o pastor não a veja’. Essa mulher ia ao pastor, respeitava o pastor, ele falava a ela de Deus, e ela aceitava. Porque não tinha seu sacerdote. Mas as raízes de sua fé, ela as conservou escondidas num armário. Estavam lá. Esse é o fenômeno para mim mais sério. Este episódio me mostra muito bem o drama da fuga, desta mudança. Falta de proximidade”, repetiu.

 Francisco ainda defendeu o encontro entre as diversas religiões. “Cada religião tem suas crenças. Mas, dentro dos valores de sua própria fé, trabalhar pelo próximo. E nos encontrarmos todos para trabalhar pelos outros. Se há uma criança que tem fome, que não tem educação, o que deve nos mobilizar é que ela deixe de ter fome e tenha educação. Se essa educação virá dos católicos, dos protestantes, dos ortodoxos ou dos judeus, não importa. O que me importa é que a eduquem e saciem a sua fome. Temos que chegar a um acordo quanto a isso".

 "Hoje a urgência é de tal ordem que não podemos brigar entre nós, à custa do sofrimento alheio. Primeiro trabalhar pelo próximo, depois conversar entre nós, com muita grandeza, levando em conta a fé de cada um, buscando nos entender [...] Acredito que as religiões, as diversas religiões, não podem dormir tranquilas enquanto exista uma criança que morra de fome, sem educação. Um só jovem ou idoso sem atendimento médico. Mas o trabalho das religiões não é beneficência. É verdade. Mas pelo menos na nossa fé católica, e em outras fés cristãs, vamos ser julgados por essas obras de misericórdia”.

 Papa Francisco participou na semana passada da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), realizada no Rio de Janeiro (RJ).

Fonte:http://www.adalagoas.com.br/
Postado em 04 de agosto de 2013

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