Indagada em quem votará no segundo turno, Marina Silva preferiu não revelar
A senadora Marina Silva e Partido Verde anunciaram neste domingo posição de "independência" em relação à disputa do segundo turno da eleição presidencial entre Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB).
No primeiro turno, Marina, candidata a presidente pelo PV, obteve 19,6 milhões de votos, quase 20% dos votos válidos. O apoio dela e do PV era cobiçado por Dilma e por Serra, que enviaram cartas à senadora destacando afinidades entre pontos dos planos de governo.
Durante a reunião plenária do PV neste domingo em São Paulo que decidiu pela 'independência', Marina leu uma carta aberta a Dilma e Serra, em que afirma que essa é posição que melhor pode contribuir para o processo eleitoral.
"Quero afirmar que o fato de não ter optado por uma alinhamento neste momento não significa neutralidade em relação aos rumos da campanha. Creio mesmo que uma posição de independência, reafirmando ideías e propostas, é a melhor forma de contribuir com o povo brasileiro", diz a carta lida pela candidata.
Em discurso, a ex-presidenciável fez críticas ao que chamou de uma "dualidade destrutiva" entre PT e PSDB, comparada por ela às oposições entre MDB e Arena no regime militar e a republicanos e monarquistas no período imperial.
A posição defendida por Marina Silva foi a mesma de várias lideranças do PV que discursaram antes dela na reunião plenária, como o ex-candidato a vice pelo PV, Guilherme Leal, o vice-presidente do partido e deputado eleito, Alfredo Sirkis, o ex-candidato ao Senado Ricardo Young e o deputado Zequinha Sarney. Candidato derrotado ao governo do Rio que teve o apoio do PSDB no primeiro turno, Fernando Gabeira preferiu não declarar opção em sua fala.
De acordo com o presidente nacional do PV, José Luiz Penna, dos 92 votantes na plenária, quatro não votaram pela posição de "independência". A votação, segundo o partido, contou com delegados do PV e 15 representantes da sociedade, sem filiação partidária.
Durante entrevista coletiva após a reunião, Marina Silva reafirmou que a "independência" aprovada pela plenária não é neutralidade e que, "como cidadão", o militante do partido poderá manifestar no segundo turno a posição pessoal em favor de um ou de outro candidato, desde que não utilize símbolos do partido.
Indagada em quem votará no segundo turno, Marina Silva preferiu não revelar. "O voto é secreto e para manter a minha independência no processo político, eu vou reservar esse direito de eleitora que eu tenho", declarou.
O vice-presidente do PV, deputado federal eleito Alfredo Sirkis, disse que o militante terá "toda a liberdade" de aparecer em programas de TV, subir em palanques e fazer declaração de voto, mas sem atribuir a si mesmo a qualificação partidária de integrante do PV. "É uma posição de cidadão, enquanto eleitor", afirmou.
Sirkis disse que o PV espera dos dois candidatos um "nível elevado" na campanha do segundo turno. Ele classificou a campanha, no estágio atual, como "muito agressiva de parte a parte e com temas que acabam criando uma regressão cultural na sociedade". "A forma como eles se atacam representa um retrocesso", declarou.
Cargos
Marina Silva negou que setores do partido pretendessem obter cargos no futuro governo e rejeitou a hipótese de aceitar algum cargo, caso seja convidada pelo vencedor da eleição.
A senadora disse considerar já ter dado a sua contribuição durante mais de cinco anos como ministra do Meio Ambiente do governo Lula e em 16 anos no Senado. "Não é apenas estando no governo que a gente pode contribuir com a sociedade e com os governos. Às vezes a gente até contribui mais quando está fora dele", disse.
Marina também disse não se considerar responsável por uma eventual derrota do PT e da candidata Dilma Rousseff ao ter sido apontada como responsável por levar a eleição para o segundo turno.
A ex-candidata citou a fundação do PT pelo presidente Lula na década de 80 quando, segundo afirmou, ele foi acusado de ajudar a ditadura por "dividir as esquerdas".
"Hoje, isso tudo se revela um equívoco. Porque se não tivéssemos criado a alternativia que se revelou o PT para a democracia brasileira, com certeza não seria só um atraso na política, mas teria implodido todo o PMDB, que depois deu origem ao PSDB", disse.
Fonte:http://www.jneweb.com.br/
Postado em 18 de outubro de 2010
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