sábado, 6 de outubro de 2012

“Estou vivo por um milagre”, diz pastor sobrevivente de massacre


Jacy Lima de Oliveira conta testemunho 20 anos do episódio conhecido como “Massacre do Carandiru” 


Jacy Lima de Oliveira conta testemunho 20 anos do episódio conhecido como “Massacre do Carandiru”

 No aniversário de 20 anos do episódio conhecido como “Massacre do Carandiru”,  um ex-detento que estava preso sem julgamento por suspeita de roubo a uma residência de luxo, contou seu testemunho de sobrevivência ao ataque dos policiais durante a rebelião do dia 02/10/1992.

 Atualmente pastor, Jacy Lima de Oliveira era um dos detentos entre os mais de 8 mil que eram mantidos na chamada “Casa de Detenção”, à época considerada o maior presídio da América Latina e apelidada de Carandiru devido à sua localização, num bairro homônimo da capital paulista.

 Segundo o pastor Jacy, que hoje é pai de dez filhos, não estar entre os 111 mortos que oficialmente fazem parte da lista dos assassinados durante a ação da polícia, é questão de milagre: “Eu tive um privilégio, que tenho pra mim como um milagre, porque muitos que passaram ali, como eu, morreram a facada, a tiro a queima roupa na cabeça. Eu passei no corredor da morte duas vezes. Descendo em direção ao patio e voltando. Subiram na minha frente umas 80 pessoas e eu ouvi o grito da morte delas”, relata o ex-detento.

 O sofrimento dos detentos e o tamanho da barbárie não foram esquecidos pelo pastor: “Eu sobrevivi, eu vi a história, eu pisei em sangue que dava quase na canela, e isso não é exagero, não! Ouvi gritos que até hoje ecoam na minha mente”, afirma Jacy, que ilustra o que passou de forma bastante enfática: “Foi um inferno na Terra, estou vivo por um milagre”.

 Durante a entrevista concedida ao portal G1, Jacy Lima de Oliveira visitou o local onde havia o complexo de pavilhões da Casa de Detenção e afirmou que estar de volta ao lugar onde viveu o terror o traz felicidade: “Quando venho aqui eu me sinto livre, feliz de estar vivo. E me sinto também muito triste por saber que aqui morreu muita gente, e que os crimes estão impunes. Na verdade isso aqui é um tapete em cima de um grande montão de sujeira”, afirma, referindo-se ao Parque da Juventude, que ocupa o local do antigo Carandiru, parcialmente desativado e demolido em 2002.

 Segundo o pastor, em breve ele publicará um livro sobre os momentos vividos durante a rebelião que levou ao massacre. O título do livro será “Eu sobrevivi para testemunhar o massacre do Carandiru”.

Fonte:http://www.adalagoas.com.br/
Postado em 06 de outubro de 2012

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