Uma emenda na lei que protege o Ramadã agora permite punir os cidadãos que ingerem alimentos ou bebidas em público
Paquistão
No mês que é considerado sagrado para os muçulmanos, o Ramadã, as minorias religiosas que vivem em países de maioria muçulmana, como o Paquistão (4º na Lista Mundial da Perseguição), precisam ser cautelosas no consumo de alimentos e bebidas alcoólicas, para não despertar ira e até mesmo a violência física.
A lei que protege o Ramadã foi introduzida no país em 1981, por Muhammad Zia-ul-Haq. Desde então, nenhum estabelecimento pode vender alimentos ou bebidas durante o período estipulado para o jejum, que só é quebrado após o pôr do sol. Isso por 30 dias.
No início de maio, o Comitê do Senado para Assuntos Religiosos aprovou uma emenda na lei que agora permite punir os cidadãos com três meses de prisão, caso eles comam ou fumem em público. Os infratores também podem ser multados, inclusive proprietários de hotéis e cinemas.
Mas, antes mesmo da emenda, os seguidores do cristianismo já eram punidos. Dois irmãos cristãos foram presos sob esta lei, em agosto de 2009. No ano passado também, um paquistanês hindu foi espancado em público por um policial, por comer arroz um pouco antes do horário estipulado para a quebra do jejum. Gokal* se defendeu na ocasião dizendo que era diabético.
Em Punjab, a província mais populosa do Paquistão, onde vive a maioria dos cristãos, o oficial de polícia do distrito de Gujrat, Sohail Zafar Chatta, que é muçulmano, escreveu em sua página do Facebook: "São poucos dias. Que tal respeitar os sentimentos dos muçulmanos?", sugeriu. Outro muçulmano escreveu: "Não se trata de respeito pelo Ramadã e sim de impor uma ordem ‘não coma na minha presença’ e isso não vem de princípios religiosos, nem mesmo durante o mês sagrado", conclui.
*Nome alterado por motivos de segurança.
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Postado: 30 de maio de 2017
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