“Precisamos
entender que a vida continua, apesar das nossas dores e é somente isso o
que eu posso dizer agora; estou curada e essa cura vem todos os dias da
parte de Deus”
Quênia
Faz exatamente dois anos que 147 alunos da Universidade de Garissa, no Quênia, foram mortos em um ataque do grupo Al-Shabaab. Margaret*, umas das sobreviventes, conta que ao sair de seu esconderijo, assim que os militantes partiram, depois de 14 horas ouvindo tiros e muita gritaria, ela ficou chocada com a cena. Ela teve que passar pelos corpos de seus amigos. “Eu perdi minhas amigas mais próximas, mas quando passei pelo corpo de Beatrice*, realmente entrei em pânico”, relatou. Juntos, vários sobreviventes tiveram que caminhar até o quartel militar. “Eu me sentia enlouquecida como se estivesse perdendo a consciência e a normalidade. Parecia que era o fim da vida que eu levava e essa sensação de loucura parecia ser meu novo ‘normal’”, ela disse.
Mas Margaret explica que sentiu a mão de Deus sobre sua vida o tempo todo e que as orações a protegiam desse sentimento, desempenhando um papel muito importante em sua recuperação. Sua família a recebeu como se ela tivesse sido ressuscitada dos mortos e levada para casa, onde amigos e parentes a cobriram de amor e carinho. Em seguida, ela passou por um aconselhamento de trauma patrocinado pelo governo, que a ajudou muito a se recuperar. Ela insistia em passar o tempo com outras pessoas que haviam enfrentado a mesma provação. Sua família lutou para entender por que ela queria fazer isso, mas não a impediram. “Eu precisava ver meus amigos e tive necessidade de ir ao necrotério também para ver até mesmo aqueles que estavam mortos”, contou.
“Quando voltei para casa e entrei em meu quarto, desmoronei. Eu não tinha forças para ficar em pé e simplesmente me rastejava e chorava. Foi um sacrifício viver tudo aquilo, mas também colaborou para minha cura. O aconselhamento não serviria de nada se eu não estivesse com meus amigos compartilhando essa dor e depois eu tive os cuidados de vários líderes cristãos”, explicou. Frederick, que é presidente da FOCUS (Fellowship of Christian University Students), uma associação de estudantes cristãos, também teve um papel muito importante incentivando e aconselhando a todos, através do trauma que ele mesmo viveu naquele dia, durante o ataque.
Atualmente, Margaret está bem. “Precisamos entender que a vida continua, apesar das nossas dores e é somente isso o que eu posso dizer agora. Estou curada e essa cura vem todos os dias da parte de Deus. Agradeço a todos aqueles que oraram por nós e quero que saibam que, realmente, Deus trabalhou. Nós vimos os frutos vindos dele, porque nós sobrevivemos. E se estamos aqui, hoje, foi por meio das orações”, agradece e conclui Margaret.
*Nomes alterados por motivos de segurança.
Postado: 03 de abril de 2017
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