Não o reduzamos a um homem bom que olha aos necessitados e se importa com pecadores.
Consideremos o Natal como uma festa evangélica oportuna. É uma grande chance para nós testemunharmos sobre Jesus e falarmos do seu amor manifesto no Calvário, que providencia a salvação ao perdido. Mas, veja bem: Jesus pode salvar a todos, mas nem todo Jesus pode salvar.
O que quero dizer com isso é que não devemos perder de vista a revelação bíblica do Cristo, para que não venhamos a cair no erro de compartilhar de uma mensagem que nem as Escrituras embasam. Através da exposição do enigmático texto de João 8:22-59, quero lhes compartilhar objetivamente sobre a verdadeira natureza do nosso Senhor, a fim de que anunciemos o Seu nome nestes dias em graça e verdade:
(João 8:23,24)
E dizia-lhes: Vós sois de baixo, eu sou de cima; vós sois deste mundo, eu não sou deste mundo. Por isso vos disse que morrereis em vossos pecados, porque se não crerdes que eu sou, morrereis em vossos pecados.
Jesus não foi tão popular quanto muitos de nós acreditam e afirmam nos púlpitos. Ele teve embates profundos durante o seu ministério e inimigos declarados. E os maiores escândalos suscitados destes debates acalorados se deram em torno da sua defesa da própria divindade. Ele deixou claro que não era um mero efeito da biologia terrestre, mas a revelação da vontade do Pai e encarnação da sua Pessoano mundo. Ele simplesmente é.
(João 8:25-27)
Disseram-lhe, pois: Quem és tu? Jesus lhes disse: Isso mesmo que já desde o princípio vos disse. Muito tenho que dizer e julgar de vós, mas aquele que me enviou é verdadeiro; e o que dele tenho ouvido, isso falo ao mundo. Mas não entenderam que ele lhes falava do Pai.
Temos o registro apostólico de que muita coisa que o Senhor ensinava estava obscurecido na mente dos judeus. Eles não entendiam tudo e isso mexia ainda mais com eles. Ao responder sobre a pergunta acerca de quem Ele era, Jesus mostra que não falava de si somente, mas daquilo que o Criador queria comunicar aos homens. Ele veio para estabelecer o Reino dos Céus; e, neste processo, confundiu a mente dos sábios e poderosos, ensinando sobre as verdades eternas que estavam ocultas em Deus.
(João 8:28-30)
Disse-lhes, pois, Jesus: Quando levantardes o Filho do homem, então conhecereis que EU SOU, e que nada faço por mim mesmo; mas isto falo como meu Pai me ensinou. E aquele que me enviou está comigo. O Pai não me tem deixado só, porque eu faço sempre o que lhe agrada. Dizendo ele estas coisas, muitos creram nele.
O testemunho vivo d’Ele convenceu a muitos de que era o verdadeiro Filho de Deus. E a sua mensagem, em si mesma, mostrava que os homens estavam mesmo diante do Escolhido, do Messias prometido. Ele disse para que todos ouvissem: EU SOU. Ao dizer tais gloriosas palavras, se revelou aos ouvintes como a única esperança de vida e paz. E assim muitos, ao ouvirem a verdade dos seus lábios, creram n’Ele.
(João 8:31,32)
Jesus dizia, pois, aos judeus que criam nele: Se vós permanecerdes na minha palavra, verdadeiramente sereis meus discípulos; e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.
Para quem se torna discípulo do Senhor, há uma diretriz clara: é necessário permanecer na sua palavra. Não basta ouvir; tem que praticar e permanecer. Muitos o rejeitam no caminho com o tempo, porque não entenderam que o chamado deles não é apenas para crer, mas para permanecer crendo. E o conhecimento d’Ele faz com que Ele nos liberte.
João 8:33-36
Responderam-lhe: Somos descendência de Abraão, e nunca servimos a ninguém; como dizes tu: Sereis livres? Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que todo aquele que comete pecado é servo do pecado. Ora o servo não fica para sempre em casa; o Filho fica para sempre. Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres.
Aqueles que estavam ainda não entendendo o que Jesus falava, insistiam em questionar a parte que achavam entender. Achavam que Ele dizia sobre uma servidão de nível social ou político, quando, na verdade, o ensino era sobre a maior servidão que um homem poderia sofrer: a servidão ao pecado. Jesus os advertiu que, como o Filho de Deus que era, podia então libertá-los das algemas do pecado. Ele era a esperança dos homens para se verem livres para sempre da culpa e da condenação que o pecado produzia neles. Mas isso não foi por eles compreendido.
(João 8:37,38)
Bem sei que sois descendência de Abraão; contudo, procurais matar-me, porque a minha palavra não entra em vós. Eu falo do que vi junto de meu Pai, e vós fazeis o que também vistes junto de vosso pai.
Fica evidente neste trecho bíblico que alguns não podiam receber a verdade do evangelho, devido a dureza dos seus corações. Queriam matar a própria Esperança, achando que assim estavam fazendo a vontade do Pai celestial, mas o Senhor os denuncia, revelando aquilo que lhes habitava a alma: o pai deles era outro.
(João 8:39,40)
Responderam, e disseram-lhe: Nosso pai é Abraão. Jesus disse-lhes: Se fôsseis filhos de Abraão, faríeis as obras de Abraão. Mas agora procurais matar-me, a mim, homem que vos tem dito a verdade que de Deus tem ouvido; Abraão não fez isto.
Aqui está claro que Jesus não reconhece Abraão como o patriarca destes que o ouviam e o odiavam por ouvi-lo. E mais: mostrou-lhes que não podiam ser filhos de Abraão, o pai da nação judia, porque Abraão, ao ouvir as verdades de Deus, não intentou a morte de Deus, ao contrário do que queriam fazer naquele momento.
(João 8:41-43)
Vós fazeis as obras de vosso pai. Disseram-lhe, pois: Nós não somos nascidos de fornicação; temos um Pai, que é Deus. Disse-lhes, pois, Jesus: Se Deus fosse o vosso Pai, certamente me amaríeis, pois que eu saí, e vim de Deus; não vim de mim mesmo, mas ele me enviou. Por que não entendeis a minha linguagem? Por não poderdes ouvir a minha palavra.
Este ponto é culminante neste debate. Jesus se revela novamente e mais claramente ainda que é Deus. Afirma que eles não poderiam ser filhos de Deus e rejeitá-lo ao mesmo tempo. Ninguém que é filho de Deus rejeita o Senhor Jesus ou o odeia. Eles não entendiam que amar a Deus significava amar ao próprio Jesus. Este ensino não pode jamais sair dos nossos púlpitos! Deus enviou Jesus a fim de que os homens pudessem conhecê-lo e amá-lo verdadeiramente, como nunca poderiam pela imposição da Lei.
(João 8:44,45)
Vós tendes por pai ao diabo, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai. Ele foi homicida desde o princípio, e não se firmou na verdade, porque não há verdade nele. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso, e pai da mentira. Mas, porque vos digo a verdade, não me credes.
Definitivamente, com base neste texto, Jesus não tinha nenhum pacto de popularidade com os outros. A verdade de sua boca saía em plenitude e, muitas vezes, chocava. Era o choque da vida contra a morte; da verdade contra a mentira; da fé contra a incredulidade. Os filhos do diabo se saciam na sua vontade e praticam o homicídio, a mentira e a incredulidade com prazer.
(João 8:46,47)
Quem dentre vós me convence de pecado? E se vos digo a verdade, por que não credes? Quem é de Deus escuta as palavras de Deus; por isso vós não as escutais, porque não sois de Deus.
Jesus era tão verdadeiro e tão puro que não havia quem pudesse condená-lo acerca de nenhum erro. E mesmo a sua vida refletindo tanto o saber e a glória de Deus, era rejeitado por muitos. E neste duro confronto com os judeus impiedosos, temos de ler duras palavras saindo da boca do que é três vezes Santo. Ele diz a muitos: “vós não escutais as palavras de Deus, porque não sois de Deus”.
(João 8:48-50)
Responderam, pois, os judeus, e disseram-lhe: Não dizemos nós bem que és samaritano, e que tens demônio? Jesus respondeu: Eu não tenho demônio, antes honro a meu Pai, e vós me desonrais. Eu não busco a minha glória; há quem a busque, e julgue.
O calor da discussão aumentava e as acusações se tornavam cada vez mais graves. Agora, Jesus, o Filho de Deus, é acusado de ser um endemoninhado, fora o xingamento que Ele mesmo ignora, quando o chamaram de samaritano, que era alguém que pertencia a um povo inimigo do povo judeu. E Cristo, na sua defesa, traz mais uma sentença sobre eles: enquanto honrava ao Pai, era desonrado por eles. Jesus estava em missão e agradando ao Pai, e o Pai buscava glorificá-lo e em breve julgaria a oferta sacrifical da sua própria vida, e o justificaria no Espírito
(1Tm 3:16). (João 8:51-53)
Em verdade, em verdade vos digo que, se alguém guardar a minha palavra, nunca verá a morte. Disseram-lhe, pois, os judeus: Agora conhecemos que tens demônio. Morreu Abraão e os profetas; e tu dizes: Se alguém guardar a minha palavra, nunca provará a morte. És tu maior do que o nosso pai Abraão, que morreu? E também os profetas morreram. Quem te fazes tu ser?
Perceba isso, caro leitor. O evangelho não é uma mensagem de autoajuda. Não estamos aqui para orientar os homens sobre como alcançar um conforto maior nesta jornada terrena. Estamos aqui para anunciar as palavras do nosso Rei: “se alguém guardar a minha palavra, nunca verá a morte”. Isso era uma afronta aos judeus, pois eles estavam se vendo diante de um homem que dizia ser maior do que Abraão e todos os profetas. Eles não podiam aceitar que um homem tão simples pudesse ser o verdadeiro Filho de Deus, o Eterno Senhor da Glória. Os homens não querem um Deus tão simples e preferem morrer em seus pecados a terem de se render à glória do que nasceu numa manjedoura.
(João 8:54-56)
Jesus respondeu: Se eu me glorifico a mim mesmo, a minha glória não é nada; quem me glorifica é meu Pai, o qual dizeis que é vosso Deus. E vós não o conheceis, mas eu conheço-o. E, se disser que o não conheço, serei mentiroso como vós; mas conheço-o e guardo a sua palavra. Abraão, vosso pai, exultou por ver o meu dia, e viu-o, e alegrou-se.
“Se eu me glorifico a mim mesmo, a minha glória não é nada”. Esta é uma prova cabal de que Jesus Cristo é único e verdadeiro Deus. Ele e o Pai são um de tal modo, que não há e nem pode haver neles glória distinta. A glória é única e compartilhada ao mundo por uma essência, nas três pessoas. Ele também afirma que conhece quem eles não conhecem, que é o Pai que eles diziam ser o Deus deles, e ainda lhes confronta de uma maneira profunda, afirmando que Abraão, pela fé, anelou muito pela encarnação do Filho de Deus, e quando viu isso acontecendo, se alegrou nos céus. Tais palavras foram como uma flecha no coração daqueles que pereciam na incredulidade e no orgulho. A maior referência de sua fé era tão somente um servo e um adorador d’Aquele que eles não podiam conhecer como o Deus vivo que era e lhes falava ali abertamente.
(João 8:57-59)
Disseram-lhe, pois, os judeus: Ainda não tens cinquenta anos, e viste Abraão? Disse-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que antes que Abraão existisse, eu sou. Então pegaram em pedras para lhe atirarem; mas Jesus ocultou-se, e saiu do templo, passando pelo meio deles, e assim se retirou.
Novamente e gloriosamente, Jesus afirma a sua divindade ao dizer as palavras do SENHOR: “Eu Sou”. Os judeus, ainda sem entender boa parte do que ouviam de Cristo, questionam-no sob a ótica da temporalidade de um ser finito, negando assim completamente a realidade de quem Ele era. Achavam que interrogavam um homem qualquer, talvez um pseudoprofeta ou um revolucionário político. Ao ouvirem dele que Ele existia já bem antes de Abraão, a confusão geral foi instaurada. Pegaram em pedras para lhe matar, mas em vão. Jesus, segundo o relato de João, passa NO MEIO DELES, e se retira.
Fecho esta reflexão alertando aos irmãos para que aproveitem esta data para anunciar a mensagem bíblica e fiel de quem Jesus é. Não digamos que Ele é apenas um bebê representativo de uma possível esperança humana. Não o reduzamos a um homem bom que olha aos necessitados e se importa com pecadores.
Que tenhamos a mesma ousadia do próprio Senhor para dizer a todos nestes dias que, mais do que um nascimento de uma criança, encarnou na história o Deus Filho, o Eterno, aquele que se chama Emanuel, que significa “DEUS CONOSCO”.
Fonte: http://adalagoas.com.br/
Postado: 25 de dezembro de 2016
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