sábado, 29 de setembro de 2012

Duas vezes expulso, por amor a Deus


(foto ilustrativa)

 A província de Aceh, na Indonésia, partilha dos princípios impostos no estatuto social da Sharia (lei islâmica). Os muçulmanos que se tornam seguidores de Cristo precisam agir cautelosamente, reunindo-se para orar em segredo. Um deles, Abi*, revelou sua história à Portas Abertas

 Todos na aldeia conheciam Abi como um muçulmano fiel. Nascido em 1952, em uma família respeitável, em Aceh, na Indonésia, Abi respirava Islã desde a infância e era obcecado em se tornar professor expert da religião algum dia.

 "Entrei em uma escola islâmica quando eu era pequeno", contou Abi. "Aprendi a ler o Alcorão e viver de acordo com os ensinamentos do profeta Maomé. Na escola, eu era o líder de uma influente organização muçulmana de jovens. Por causa disso, minha família se tornou bastante famosa e eu estava orgulhoso.”

 Após o colegial, ele se matriculou em uma academia islâmica de da'wah (pregação). Em uma das aulas, ele foi obrigado a estudar a Bíblia e encontrar erros. Ele parou em João 14.6, onde aprendeu que Jesus era o único caminho para o Pai nos céus (“Respondeu Jesus: ‘Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai, a não ser por mim’.”).

 "Eu fiquei confuso e chocado quando li aquele verso", disse Abi. "Porque eu sempre rezava ao Profeta (Maomé), para que eu pudesse entrar no céu. Eu não conseguia parar de ler a Bíblia. Depois de um tempo, eu estava comparando-a com o Alcorão, na minha busca pela verdade”.

 "Um ano depois, eu decidi seguir Isa (Jesus). Fui batizado em uma igreja local, fora de Aceh; minha família não sabia sobre isso. Um pastor que não vivia em Aceh me ajudou a crescer na minha nova fé em Jesus", confessou ele.

 Mas, Abi era casado com uma muçulmana, na época. Depois de dois anos em Sumatra, ele tentou retomar contato com sua esposa e três filhos em Aceh. Quando voltou para a comunidade onde nasceu, todos já estavam cientes de sua conversão. Abi foi expulso da aldeia.

 "Eu não sei quem espalhou a notícia ou como minha família descobriu sobre minha conversão", explicou Abi. "Minha mulher ficou chocada; imediatamente, eu a transferi, juntamente com meus filhos, para outra região."

 Sua esposa faleceu em 1979, por causa de uma doença. Preocupado com a educação dos filhos, Abi e as crianças mudaram-se para Java. Lá, ele encontrou emprego em uma organização missionária local, onde traduziu livros sobre Jesus e sua obra de salvação. Então, outra instituição ofereceu-lhe a oportunidade de traduzir a Bíblia para a língua local de Aceh. Mas havia um problema.

 "Para executar este projeto, eu precisaria voltar para Aceh e ministrar para as pessoas de lá", declarou o cristão, que se casou novamente três anos após a morte de sua esposa. "Eu voltei para Aceh apenas para ser banido de novo, desta vez, para sempre. Meus amigos da faculdade leram os livros que traduzi e me denunciaram para as autoridades religiosas”.

 "Assim, eu tentei levar a Palavra de Deus através do rádio. A missão enviou-me materiais e eu os traduzi para Aceh. Gravei em cassetes, que foram enviados a outro país para serem exibidos. Era mais seguro, e também mais eficaz, porque as pessoas, em Aceh, gostam de ouvir rádio", acrescentou.

 Os ouvintes de Abi enviaram-lhe mensagens pelo rádio, pedindo Bíblias e outros livros cristãos. Sempre que os pedidos chegavam, Abi entrava em Aceh para entregar o material. "Após a minha segunda expulsão, eu estava proibido de entrar na cidade", disse. "Mas Jesus me ajudou a levar essas Bíblias para os crentes secretos em Aceh. Eu entrei e sai da província por vários anos.

" Com todo o sucesso que alcançou, o ministério de rádio foi de curta duração. A transmissão de Abi foi interrompida por razões desconhecidas, mas ele continuou levando livros e também decidiu ser ministro por tempo integral. Foi exatamente na época, em 1999, em que deu esse passo tão importante, que seu único filho foi assassinado.

 "Meu filho estava compartilhando o Evangelho com uma tribo local, em outra província", lembrou Abi, incapaz de conter as lágrimas. "Eu fiquei chocado. Foi o momento mais triste da minha vida; mas Deus me deu amigos que me ajudaram a passar por isso."

 Muitos, na cidade de Aceh, conheceram ao Senhor através do ministério de Abi, que os levava até as igrejas locais para serem ensinados nos fundamentos da fé. "Eu não podia discipliná-los", explicou ele. "Porque ia de aldeia em aldeia, para evitar ser pego, e lhes dava Bíblias. Então, eu pensei em pedir ajuda às igrejas em Aceh, para que ensinassem os novos crentes."

 Por causa do medo, a maioria dos pastores em Aceh não quis aceitá-los. As Igrejas poderiam ser acusadas de "cristianização", se levassem crentes de origem muçulmana aos cultos. Os novos cristãos, por sua vez, foram encaminhados aos tribunais da Sharia, onde foram pressionados a voltar ao islamismo.

 Depois de mais de uma década de exílio, Abi encontrou uma maneira de se estabelecer em Aceh com sua família. Ele escolheu uma aldeia longe de sua terra natal, desconhecida de seus amigos da faculdade e vizinhos. Lá, ele abriu uma pequena loja e continuou seu ministério de distribuição.

 Mesmo aos 60 anos, Abi continua a sustentar o sonho que o colocou em uma aventura quando era apenas um estudante universitário.

 "Eu encontrei paz em Isa (Jesus). Nele, eu descobri as respostas para todas as minhas perguntas", disse Abi à Portas Abertas. "Oro para que, um dia, as pessoas que vivem em Aceh percebam que Deus é o único caminho, que Ele é a verdade que tanto procuram. Eu nunca vou deixar de espalhar as Boas Novas da salvação aos meus companheiros de Aceh. Jesus os ama e quer que eles venham a Ele".

 Pedidos de oração

 • Ore em favor de Abi, como ministro do Evangelho, e pela segurança de sua esposa na aldeia em que vivem.
  • Interceda para que os parentes de Abi, em Java, se tornem cristãos também.
  • Peça a Deus para que os trabalhadores cristãos em Aceh continuem a encontrar paz e coragem, apesar dos desafios de levar o amor de Deus sob o contexto de perseguição.
 • Clame pelos crentes secretos em Aceh, para que eles possam participar de uma Igreja ou um grupo de oração e, assim, sejam nutridos na fé.

 *A fim de proteger Abi e sua família, seu nome real, juntamente com outros detalhes de sua história, não poderão ser compartilhados


Fonte:http://www.portasabertas.org.br/
Postado em 29 de setembro de 2012

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