Mulher identificada como Sakineh Mohammadi Ashtiani posa para foto no jardim de sua casa em Oskou, 570km de Teerã
Em seu site, a emissora Press TV rebateu as afirmações de que Sakineh Mohammadi teria sido libertada
A iraniana Sakineh Mohammadi Ashtiani, condenada à morte pelo crime de adultério ainda não foi libertada, ao contrário do que havia sido divulgado ontem por uma ONG, informou hoje a emissora de televisão iraniana Press TV em seu site na internet. A Justiça iraniana também condenou a ré pelo suposto envolvimento na morte do marido.
Na quinta-feira (09), a ONG Comitê contra a Lapidação, com sede na Alemanha, haviam confirmado a libertação de Sakineh após a difusão por veículos de comunicação do mundo inteiro de fotos feitas pela própria Press TV que mostravam Sakineh em sua casa em Oskou, 570 km de Teerã, nos dias 4 e 5 de dezembro.
Em seu site, a emissora Press TV rebateu as afirmações de que a iraniana teria sido libertada. "Diferentemente do que foi divulgado pelos meios de comunicação ocidentais, segundo os quais a senhora Mohammadi Ashtiani, assassina confessa, foi libertada, essas fotos foram tiradas quando uma equipe de produção da Press TV acompanhava a senhora Ashtiani em sua casa, com a aprovação da Justiça, para a execução de uma reconstituição do crime", explicou o canal.
Ainda segundo a ONG, o filho de Sakineh, Sajad Ghaderzadeh, e seu advogado, Javid Houtan Kiane, detidos no começo de outubro junto a dois jornalistas alemães que os entrevistavam, também haviam sido soltos. Inicialmente a emissora havia dito que as imagens divulgadas tinham sido tiradas antes de uma entrevista que fará parte de um programa. O governo iraniano, por sua vez, não se pronunciou oficialmente sobre o caso até o momento.
Sakineh foi inicialmente condenada à pena de morte por apedrejamento. A sentença foi suspensa neste ano após várias críticas de grupos de direitos humanos terem levado a forte pressão internacional sobre o Irã. Segundo a lei islâmica, em vigor no Irã desde a revolução de 1979, o adultério pode ser punido com a morte por apedrejamento, e crimes como assassinato, estupro, roubo a mão armada, apostasia e tráfico de drogas são todos punidos com a morte. Ainda este mês, os EUA condenou os planos anunciados de executar Sakineh. O Reino Unido alertou o Irã contra ir em frente com a punição, e a França pediu ao país para perdoá-la.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva ofereceu asilo a Sakineh em julho, levando a uma constrangedora recusa pública da oferta pelo Irã, que disse que Lula é "uma pessoa humana e sensível", mas não tinha conhecimento de todos os fatos.
CASO
Em 2006, Sakineh Mohammadi Ashtiani, 43, foi condenada duas vezes à pena de morte por dois tribunais diferentes de Tabriz (noroeste do país) em dois processos distintos, acusada de participação no homicídio do marido e de ter cometido adultério, em particular com o suposto assassino do marido.
O grupo de direitos humanos Anistia Internacional (AI) disse que Sakineh foi considerada culpada de "adultério quando estava casada", o que teria negado, e foi sentenciada à morte por apedrejamento. A Anistia listou o Irã como o segundo país do mundo com mais execuções em 2008, depois da China, e disse que Teerã matou ao menos 346 pessoas em 2008. As autoridades iranianas rejeitam as alegações de abusos de direitos humanos, dizendo que apenas seguem a lei islâmica.
Um ano depois, a pena de morte por enforcamento pela participação no homicídio do marido foi comutada por dez anos de prisão por uma corte de apelações, mas a execução por apedrejamento foi confirmada por outro tribunal de apelações no mesmo ano. Todas as informações foram divulgadas por autoridades iranianas e advogados ligados ao caso. Os papéis do caso não foram divulgados à imprensa.
Em julho deste ano, sob forte pressão internacional, Teerã anunciou que a condenação à pena capital havia sido suspensa e que o caso estava sendo reexaminado Desde então, o caso volta à imprensa ocasionalmente com declarações de oficiais iranianos.
Fonte:http://www.jneweb.com.br/
Postado em 10 de dezembro de 2010
0 comentários:
Postar um comentário