quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Cristãos sudaneses lutam para superar traumas de guerra

Acordo de paz firmado em 2005 deu uma trégua no conflito, mas apenas oficialmente, já que as disputas locais não acabaram


Gangura, uma aldeia próxima da cidade de Yambio, a apenas seis quilômetros da fronteira do Sudão com o Congo, é um território dominado pelo Exército de Resistência do Senhor (LRA, na sigla em inglês).

O grupo é uma pequena e brutal milícia de resistência que luta para derrubar o governo local. O sul do país é um território sem lei. Saques, depredações, sequestros, estupros e massacres são rotina ali. Valas comuns abrigam os restos mortais das vítimas, próximas às aldeias encravadas na vegetação espessa. A violência é generalizada, e grupos rebeldes e milícias tribais são, em grande parte, os culpados.

O Sudão, maior nação da África em extensão territorial. Vinte um anos de guerra civil deixaram dois milhões de mortos, quatro milhões de desalojados e um país dividido étnica, cultural e religiosamente. O norte, de maioria árabe e muçulmana, é bem diferente do sul, cuja população é negra e fracionada em diferentes povos, muitos deles cristãos.

Um acordo de paz firmado em 2005 deu uma trégua no conflito, mas apenas oficialmente, já que as disputas locais não acabaram. “O acordo pôs fim a uma guerra devastadora. Esta é a boa notícia”, celebra Richard Williamson, enviado especial do governo americano ao Sudão, para em seguida observar: “A má notícia é que temos hoje uma paz imperfeita”.

Contudo, uma pequena semente de paz está germinando em solo sudanês. A Igreja tem promovido a pacificação a seu próprio modo, mantendo a sua missão com o povo da terra. Nos últimos meses, Christianity Today viajou centenas de milhas através do sul do Sudão, visitando Juba, Yambio e algumas aldeias distantes. Não foi difícil encontrar lideres cristãos apaixonados que abrem mão de sua segurança pessoal para construir o Reino de Deus e trabalhar por um Sudão mais unificado.

Um deles é James Lual Atak. Anos atrás, como um refugiado e soldado-mirim, Atak foi um dos 27 mil chamados Meninos Perdidos, separados de seus pais durante os anos de guerra para lutar por motivos que eles mesmos eram incapazes de compreender. Hoje, ele é um pastor, fundador do New Lives Ministries (Ministério Vidas Novas), na distante aldeia de Nyamlell, Estado de Bahr el-Ghazal. Atak levanta as mãos acima de sua cabeça para proteger seus olhos do sol ardente enquanto observa o carregamento de 1,6 tonelada de material médico. Os suprimentos foram trazidos de Nairóbi, capital do vizinho Quênia, e serão levados pelo restante do caminho em um outro avião para o vilarejo de Atak. Os suprimentos serão estocados nas prateleiras da clínica médica construída recentemente pela entidade cristã que dirige. O complexo já inclui uma escola, um templo e vários dormitórios.

Segundo o pastor James Atak, iniciativas como a da Rádio Bakihta e do Ministério Vidas Novas apontam para a possibilidade de a fé cristã exercer papel fundamental no processo de pacificação do país. Ele afirma: “Eu sou apenas um homem a quem Deus usa para abençoar a muitos outros” – exatamente como a semente de mostarda que desabrocha em algo exuberante e belo.


Fonte:http://www.cpadnews.com.br/
Postado em 30 de dezembro de 2010

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