“O jovem se alterou e disse que ela havia blasfemado contra Maomé, gritando ‘Allahu Akbar’ (Deus é grande). É somente isso o que as pessoas precisam ouvir para atacar um cristão”
NIGÉRIA
Na antiga cidade de Kano, no Norte da Nigéria, onde a maioria da população é muçulmana, uma multidão atacou a cristã Bridget Patience Agbahime, de 74 anos, por supostamente blasfemar contra Maomé. A vítima estava com seu marido Mike, o líder da igreja Deeper Life Bible, mas ele não conseguiu impedir a morte dela. Um dos policiais que estava no local disse que o incidente ocorreu logo após uma discussão sobre religião entre Bridget e alguns comerciantes, mas várias fontes negaram que a mulher blasfemou contra o profeta.
“Tudo o que ela fez foi pedir a um jovem que decidiu fazer na frente de sua loja a ablução (ritual de limpeza islâmica, feita antes de cada oração) para realizar o rito em outro lugar. Então o jovem se alterou e disse que ela havia blasfemado contra Maomé, gritando Allahu Akbar (Deus é grande). É somente isso o que as pessoas precisam ouvir para atacar um cristão, mesmo sem confirmar a ação”, disse o oficial de relações públicas da polícia de Kano, Musa Magaji, à imprensa.
“Ela sempre foi uma mulher que respeitou a todos e eu duvido que ela teria feito alguma declaração que humilhasse os muçulmanos”, afirmou um dos comerciantes da região ao site de notícias Sahara Reporters. “Não podemos dizer que somos nigerianos quando atacamos e matamos nossa própria gente em nome de uma religião. Essa violência já passou dos limites e essas pessoas precisam pagar pelo que fizeram. Precisamos de justiça”, disse o líder do CAN (Christian Association of Nigeria – Associação Cristã da Nigéria).
O presidente Muhammadu Buhari descreveu o assassinato como “triste e lamentável”, em uma declaração emitida pelo seu conselheiro especial de mídia e comunicação, Femi Adesina, Buhari também declarou: “Nós vivemos em uma sociedade regida por regras e leis claramente definidas. Quando crimes desse tipo não são punidos, então corremos o risco de perder para a ilegalidade e anarquia, onde qualquer pessoa pode assumir o papel de juiz, júri e carrasco”. Agora cabe aos órgãos de segurança garantir uma investigação mais apurada para descobrir quem foram os autores do crime e o que realmente ocorreu. Além desse caso, há outros semelhantes na Nigéria, e há mais pessoas perdendo suas vidas por falsas acusações de blasfêmia. Nos últimos anos, a violência irrompeu em Kano. Nesse mês, quando acontece a festa sagrada islâmica, o Ramadã, a tendência é piorar ainda mais. Muitos cristãos estão com medo dos militantes radicais que costumam se aproveitar da ocasião para ataques mortais e atentados suicidas. Em suas orações, interceda pelos cristãos perseguidos na Nigéria.
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