sábado, 21 de julho de 2012

Assembleiana recebe Prêmio Jovem Cientista por criar plástico a partir de bagaço de cana



Trabalho foi escolhido dentre 2.300 projetos


Desde pequena, Cibele Rosa sonhava em ser cientista. Como não tinha muitos brinquedos, ela inventava. E foi inventando que a jovem, de 24 anos, alcançou o 2º lugar do Prêmio Jovem Cientista 2011 na categoria Estudante do Ensino Superior. O trabalho da aluna do 3º ano de Engenharia Industrial Química da Escola de Engenharia de Lorena (EEL) da USP foi escolhido dentre 2.300 projetos.

Cibele nasceu em São José dos Campos (SP) e aos 15 anos se mudou para Lorena para estudar no Colégio Técnico. Em 2005, formou-se técnica em química. Um ano depois, passou no concurso para Assistente Técnico de Laboratório da EEL e 2007 ingressou na Faculdade Química de Lorena, tornando-se aluna da USP.

Mesmo sendo técnica em química, Cibele queria ser farmacêutica e, para dificultar a escolha, ela ganhou uma bolsa de estudos em São Paulo. Cibele pensou, pensou e decidiu ser engenheira. Rodeada por engenheiros químicos, a escolha não poderia ser outra. A jovem é irmã de Wanderson e Wanderley Oliveira, ambos engenheiros, é cunhada da engenheira Elaine França, que é filha do professor França, seu próprio professor no curso de Engenharia. E como não bastasse, ela é casada com o engenheiro Mateus Martins. Ufa!

Bi, como é conhecida pelos amigos, se dedica aos estudos, mas também se empenha na igreja. Ela ajuda o esposo na Escola Dominical e coopera no departamento infantil da Assembleia de Deus em Lorena (SP), liderada pelo pastor José Tenório dos Santos.

Quando não está trabalhando, estudando química, inglês ou na igreja, Cibele gosta de brincar com a “filhinha”, uma Shih-Tzu, de um ano, chamada Mel.

Você sonhava ser cientista?


Acho que toda criança sonha em ser cientista. Quando eu era criança, não tinha muitos brinquedos, mas eu inventava muitas coisas. Sempre fui muito curiosa, eu gosto de aprender de tudo e acho que essa curiosidade faz parte de quem gosta da ciência.

Quando criança, você se via em que profissão?


Para falar a verdade, eu já quis ser de tudo, de bailarina até médica, mas quando entrei no colégio técnico em química, descobri que era isso que eu queria, apesar de ter uma quedinha por farmácia.

Você foi influenciada pelos seus irmãos engenheiros?


Meus irmãos me apoiaram muito para entrar no colégio técnico, mas eu nunca quis ser engenheira. Na verdade, eu queria fazer farmácia, mas meus pais não tinham condições de me manter estudando em outra cidade. Na época, eu já trabalhava na faculdade quando decidi prestar o vestibular. Acho que no início foi mais uma questão de me adaptação. Hoje eu sou muito feliz e sei que escolhi a profissão certa.

Por que decidiu se inscrever no prêmio?


Esse ano, o tema foi Cidades Sustentáveis, e nós vimos que tinha tudo a ver com o nosso trabalho, então decidimos tentar e, graças a Deus, dentre 2.300 trabalhos, o nosso foi escolhido.

Você pensou que poderia estar entre as vencedoras?


Eu sempre acreditei no trabalho, mas também sabia que ele era muito recente e que iria competir com muitos trabalhos bons.

O que sentiu quando soube que tinha vencido?


Fiquei muito feliz, demorei para acreditar que era verdade. Na hora, liguei para o meu orientador pra contar a novidade.

Qual a sensação de ter o trabalho reconhecido pela maior autoridade do país?


Um orgulho muito grande e também uma sensação de responsabilidade por estar representando minha universidade e os estudantes do meu país.

Você deu entrevista para diversos órgãos de imprensa. Como foi?


Fiquei com muita vergonha, pois é tudo muito diferente, mas também fiquei muito orgulhosa de falar do meu trabalho e é legal depois encontrar com as pessoas na rua dizendo que me viram na TV (risos).

Qual foi a reação da igreja quando soube da notícia?


O pastor ficou feliz, e um dia no culto ele me chamou lá na frente e a igreja orou agradecendo a Deus pela minha vitória. Foi muito bonito e emocionante.

Conte um pouco sobre o seu projeto?


Ele estuda uma forma de diminuir o impacto ambiental causado pelos resíduos sólidos urbanos (lixo). Nós fizemos a caracterização dos resíduos sólidos gerados no nosso município, Lorena (SP), e detectamos que existem muitos materiais que são recicláveis, no entanto, são rejeitados pela coleta seletiva. A maioria desses materiais é composto por filmes plásticos. Só no nosso município, mais de 1.000 toneladas de filmes plásticos vão parar no lixo anualmente. Diante disso, nós propomos a obtenção de um novo material, que possibilite a reutilização desses filmes e que agreguem valor a eles.

E como funciona na prática?


As sacolas plásticas que embalam alimentos como arroz e feijão provocam muitos prejuízos para a natureza. Elas são recicláveis, mas o baixo valor comercial desse plástico faz com que ninguém queira reciclá-las. Pensando nisso, comecei a pesquisar uma solução para esse plástico: fazer o filme plástico ganhar valor comercial. Misturamos o plástico com bagaço de cana. O resultado é um plástico marrom.

De que maneira ele pode mudar a vida das pessoas?


Nós podemos evitar que todo esse volume de plástico vá para os lixões e aterros, o que aumenta a vida útil dos mesmos e diminui o impacto ambiental causado por esses resíduos. Além disso, a implementação do projeto na comunidade deve gerar muitos empregos e aumentar a renda dos catadores. A população tem um papel fundamental nesse projeto. É muito importante que nós separemos o lixo nas nossas casas, assim cada um estará fazendo a sua parte.

Qual o papel de Deus na sua conquista?


Deus é tudo na minha vida, tudo o que eu sou e o que eu tenho eu devo a Ele! Sempre oro pedindo a Deus que guie os meus passos, as minhas escolhas e até aqui Ele tem me ajudado. Eu não esperava ganhar esse prêmio, nunca nem sonhei que pudesse conhecer a presidente do meu País, isso é coisa de Deus mesmo. Glória a Deus!

Qual foi o momento mais difícil da pesquisa?


Trabalhamos com os resíduos do lixo, e não foi nada fácil, pois é um trabalho que ninguém quer fazer. Saímos pelas ruas da cidade coletando lixo e as pessoas até zombavam, não entendiam porque estávamos fazendo aquilo.

Pensou em desistir?


Pensei em desistir, sim. Algumas vezes me senti humilhada e até perguntava pra Deus porque eu estava fazendo aquilo. “Tantos projetos e eu aqui mexendo com lixo?”, mas eu sabia que tudo aquilo era por uma boa causa.

Quais foram os prêmios que você ganhou?


Ganhei a viagem para Brasília para receber o Prêmio das mãos da presidente Dilma Rousseff, e ainda pude levar minha mãe, meu esposo, meu orientador e o diretor da minha universidade. Eu recebi um cheque de R$ 12 mil e meu orientador ganhou um computador e uma impressora. Além disso, fomos convidados para conhecer a unidade da General Eletric em Petrópolis (RJ). Esse prêmio, com certeza, é um grande incentivo para o nosso trabalho e um marco na minha vida!

Como dará prosseguimento na pesquisa?


O nosso material ainda está em fase de testes, agora nós estamos buscando parcerias e financiamento para implementarmos o projeto na comunidade. Também queremos fazer um projeto educacional nas escolas para ensinar aos alunos a separarem o lixo e mostrar que uma cidade sustentável é feita por cidadãos sustentáveis.

Qual recado você daria para a juventude?


Jovem, dê o seu melhor em tudo. Sonhe e lute para alcançar seus objetivos. Seja fiel a Deus, porque Ele é fiel a nós e tem tudo para dar àqueles que nEle confiam e que fazem a Sua vontade.


Fonte:http://www.adalagoas.com.br/
Postado em 21 de julho de 2012

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