sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Nordeste abriga maior número de famílias vulneráveis, aponta Ipea

Pobreza


Alagoas é o Estado da região com o maior índice de vulnerabilidade

Um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostrou que as famílias mais vulneráveis, do ponto de vista econômico, se concentram nas áreas rurais de Alagoas, Maranhão, Piauí e no interior de Estados como o Ceará e Pernambuco.

O estudo "Vulnerabilidade das Famílias" foi realizado entre 2003 e 2009 e considerou a variação de dimensões sociais e econômicas no período. Segundo o instituto, ligado à Presidência da República, o estudo leva em conta a capacidade das famílias brasileiras de reagir às dificuldades de dimensão social e econômica.

Entre os exemplos citados pelo coordenador do estudo, Bernardo Furtado, na apresentação dos dados, estão a restrição do acesso a oportunidades de maneiras diversas, seja pela qualidade inadequada da habitação em si ou de sua localização, pelo acesso dificultado a uma vaga no mercado de trabalho, pela falta de acesso à educação ou ainda pelos efeitos da falta de conhecimento na prevenção e profilaxia da saúde.

O índice de vulnerabilidade das famílias foi medido com base em dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e leva em conta seis dimensões: vulnerabilidade social, acesso ao conhecimento, acesso ao trabalho, escassez de recursos, desenvolvimento infantojuvenil e condições habitacionais.

Em 2009, o indicador em 2009 registrou avanço de pouco mais de 14% em relação à média de 2003. Para o coordenador do estudo, Bernardo Furtado, mesmo regionalmente, o índice apresentou melhora como um todo.

Ele observou, no entanto, que o Nordeste mantém os maiores valores em termos absolutos, ao passo que a região Norte apresenta a menor evolução dos indicadores no período.

"Em termos de evolução, a região Norte foi a menos dinâmica em relação às melhorias, talvez pelas distâncias, que são grandes, o que gera uma dificuldade de mobilidade e, com isso, há mais dificuldade do gestor público operar", observou o coordenador.

Na região Nordeste, o índice de vulnerabilidade teve maior decréscimo no Maranhão (17,7%), seguido da Bahia (16,3%), do Piauí (15,9%), Rio Grande do Norte (14,8%), Ceará (14,5%), de Pernambuco (14,3%), Alagoas (12,8%) e da Paraíba (12,3%).

Outros recortes feitos pela pesquisa foram as variações dos itens nas unidades da Federação, nas regiões metropolitanas e não metropolitanas e suas periferias. Segundo Furtado, os itens relacionados à questão econômica tiveram melhor desempenho, fato que ele atribuiu ao maior acesso ao trabalho registrado nos últimos anos. "Por outro lado, a vulnerabilidade social foi o indicador que menos se reduziu na região Norte", disse.

Para ele, o Norte chama a atenção pela baixa evolução dos indicadores, mas uma possível explicação é o fato de outra pesquisa do IBGE ter apontado que as regiões Norte e Centro-Oeste apresentaram mais crescimento populacional do que a média do país nos últimos anos. "O que significa que, ganhando mais população, essas regiões têm mais dificuldade de oferecer serviço público de mais qualidade e universal".

O coordenador também destacou a questão da urbanidade. De acordo com Furtado, há regiões da periferia das cidades onde a vulnerabilidade é menor do que aquela registrada na área rural. "O gestor precisa ver que ênfase vai dar a esses dados. E, especialmente em relação aos itens acesso ao conhecimento e vulnerabiliade infantojuvenil, haveria que ter mais cuidado na elaboração de políticas públicas".

No geral, o resultado do índice nacional e também dos índices regionais foi bom, avalia o coordenador da pesquisa. "É um índice razoável. Em algumas dimensões, os índices melhoraram muito, como a renda das famílias, o acesso ao trabalho. O acesso ao conhecimento também melhorou, mas não melhorou de forma tão rápida e significativa quanto os outros. Tudo isso precisa ser levado em conta".


Fonte:http://www.jneweb.com.br/
Postado em
20 de janeiro de 2012

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