segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Centenário: O início das Assembleias de Deus em Alagoas

Trapiche da Barra, em 1915


Centenário AD Alagoas

De Gunnar Vingren a Otto Nelson: perseguição e privações nos primeiros 15 anos da igreja pentecostal em solo alagoano

 “Ao desembarcar no porto de Maceió, Vingren dirigiu-se para a casa do irmão Simplício, quando, naquela mesma manhã, não obstante o cansaço da sua longa viagem, participou de um culto onde estavam presentes cerca de nove crentes, membros de igrejas tradicionais, os quais não haviam ouvido falar sobre a doutrina pentecostal, e, principalmente, sobre o batismo com o Espírito Santo”

 Em 1° de maio de 1915, o missionário Gunnar Vingren desembarcou no modesto cais do porto do bairro de Jaraguá, na cidade de Maceió.

 Antes de viajar para Alagoas, Vingren conseguira entrar em contato com um senhor conhecido como Simplício, conforme ele registrou em seu diário. Este senhor era crente, e ofereceu hospedagem ao missionário em sua casa quando ele chegou a Maceió.

 Vingren certamente entendeu que o apoio oferecido por Simplício era um claro sinal vindo da parte de Deus, pois, nessa ocasião, ele não dispunha de muitos recursos financeiros. Simplício não somente o receberia em sua casa, mas haveria de apoiar o trabalho de evangelização que Vingren iniciaria em solo alagoano, por ocasião da sua visita. Provavelmente, Vingren se refere a este cidadão no jornal Mensageiro da Paz, edição de 1° de janeiro de 1931, p. 2 (com grafia da época): “Certa occasião, um senhor chegou ao Pará, em busca de seu filho. Depois de ouvir a mensagem acerca do baptismo do Espírito Santo, levou as novas para o Estado de Alagoas. Pouco depois, Jesus o baptizou no Espírito Santo”.

 Ao desembarcar no porto de Maceió, Vingren dirigiu-se para a casa do irmão Simplício, quando, naquela mesma manhã, não obstante o cansaço da sua longa viagem, participou de um culto onde estavam presentes cerca de nove crentes, membros de igrejas tradicionais, os quais não haviam ouvido falar sobre a doutrina pentecostal, e, principalmente, sobre o batismo com o Espírito Santo. Esses crentes foram os primeiros em Alagoas que ouviram acerca da doutrina pentecostal, e ficaram bastante interessados em saber mais sobre a pessoa e a obra do Espírito Santo.

 Na tarde do mesmo dia de sua chegada a Maceió, Vingren foi convidado para orar por uma senhora crente que havia sido acometida de uma grave enfermidade, e, por conta disso, havia perdido a capacidade de falar.

 Diante da triste situação daquela irmã, Vingren, crendo que o Senhor estava com ele, orou poderosamente, repreendendo em nome de Jesus o mal que tinha sobrevindo à serva de Deus. Ao terminar a fervorosa oração, a enferma começou a falar para glória do nome do Senhor, fato que muito alegrou os seus parentes e demais pessoas que estavam presentes na casa dela.

 No dia seguinte, Vingren realizou o segundo culto. O local ficou lotado, pois a notícia da cura da irmã que não podia falar se espalhou rapidamente por toda a vizinhança. As pessoas queriam conhecer o homem que havia orado por ela e realizado tamanho milagre. Foi uma grande oportunidade para o missionário Vingren falar mais uma vez do poder de Deus em solo alagoano.

 Os dias se passavam depressa, e Vingren não desperdiçava o pouco tempo que tinha para evangelizar a cidade — na época Maceió tinha pouquíssimos bairros. Quase todos os dias ele realizava cultos poderosos, marcados pela presença do Espírito Santo. Sempre estavam presentes pessoas descrentes, bem como crentes de outras denominações, que demonstravam interesse pela doutrina pentecostal.

 Os cultos foram realizados no bairro do Trapiche da Barra, na casa do irmão Simplício, e eram notadamente marcados pelo derramamento do Espírito Santo sobre aqueles que criam na doutrina pentecostal, bem como sobre os que aceitavam a Jesus como Salvador. Vingren conta em seu diário que em um desses cultos, enquanto ele estava orando para o Senhor fazer maravilhas no meio do povo que estava presente, “um homem foi alcançado pelo poder de Deus de maneira tão forte, que, por duas vezes, foi levantado bem alto do chão. Louvei muito ao Senhor, e senti grande gozo no meu Deus”.

 Depois de alguns dias de doutrinação e evangelização, Vingren não mais continuou na casa do irmão Simplício, pois o mesmo era simpatizante das doutrinas dos adventistas e não queria renunciar a elas. Após desligar-se do referido irmão, Vingren passou a se hospedar bem como a realizar os cultos na casa de um irmão chamado “Candinho”, que alegremente recebeu o missionário em seu lar. Este irmão, em 28 de maio de 1915, foi batizado com o Espírito Santo, sendo o primeiro crente alagoano a receber a promessa pentecostal.

 Em visita à casa de alguns crentes tradicionais que o convidaram para lhes falar detidamente sobre a doutrina pentecostal, sete crentes batistas e cinco adventistas abraçaram a doutrina pentecostal. Por causa disso, Vingren enfrentou algumas dificuldades com líderes tradicionais que não aceitavam de forma alguma a sua doutrina e o confrontaram duramente. Sobre isto, Vingren registrou em seu diário o seguinte: “20 de maio. Hoje travei uma luta terrível com dois evangelistas batistas, mas o Senhor me deu graça e sabedoria para eu responder a todas as suas perguntas. Senhor, renova nestes anos a tua obra! Deixa que o fogo do Céu caia sobre cada coração!”.

 Mesmo diante da firmeza, tanto bíblica, quanto doutrinária e teológica com respeito à doutrina esposada pelos pentecostais, ele enfrentou muita resistência e dureza de coração, da parte daqueles que combatiam veementemente o ensino bíblico sobre o batismo e os dons que são concedidos pelo Espírito Santo à igreja nos dias atuais. Os embates doutrinários, no entanto, não desanimaram o pioneiro, que, tenazmente, enquanto esteve em Maceió, ensinou com firmeza sobre a obra completa que o Espírito Santo realizada no cristão.

 Após o término do seu curto ministério em terras alagoanas, o pioneiro retornou para Belém do Pará em 13 de julho de 1915.

 Em 21 de agosto de 1915, depois de uma desgastante e enfadonha viagem de nove dias, o missionário sueco, Otto Nelson, chegou a Maceió, procedente de Belém do Pará. Não há registro se havia alguém aguardando o pioneiro no porto da capital alagoana. Todavia, logo após o seu desembarque, Otto Nelson dirigiu-se à humilde casa do pescador Balbino Gomes, localizada na Rua dos Pescadores, atual Rua José Marques Ribeiro, no bairro do Trapiche da Barra.

 Quatro dias após a sua chegada a Maceió, precisamente em 25 de agosto de 1915, Otto Nelson realizou oficialmente o primeiro culto da Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Alagoas, ficando esta data como o dia da fundação da igreja em solo alagoano. Este culto foi realizado na casa do pescador Balbino Gomes. Neste culto inaugural, Jesus batizou duas pessoas com o Espírito Santo. Uma dessas pessoas foi a irmã Damiana da Silva, conhecida como Zóia. A irmã Zóia foi pioneira na evangelização de algumas cidades do litoral norte alagoano, como Maragogi, Porto de Pedras e Passo do Camaragibe.

 Os pastores, após o missionário Otto Nelson, que presidiu até 1930, seguiram na direção da igreja alagoana, os seguintes pastores até o atual: Antônio Rego Barros (1931-1963); Gustav Arne Johansson (1963-1965); Jovenal Pedro da Silva (1965-1971); Manoel Pereira Lima (1971-1986) e José Antonio dos Santos (1986-2015).


Postado 07 de dezembro de 2015

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