sexta-feira, 9 de março de 2012

Repensando o discipulado

Elízia Araújo É teóloga, tem formação em secretariado executivo e congrega na Assembleia de Deus do Farol


Li recentemente, por indicação, dois livros: Em seus passos, O que faria Jesus?, de Charles M. Sheldon, Mundo Cristão e Meninos de Rua do Brasil, de Sarah de Carvalho, Ed. Betânia. O primeiro é ficção, um clássico publicado originalmente em 1896, nos Estados Unidos com o título In His Steps, exibido também em filme. Retrata o episódio de uma igreja que após a intervenção de um homem pobre e necessitado na hora do culto, instigou o Reverendo Henry Maxwell, pastor local de Raymond, Califórnia, EUA, a questionar valores e colocar seu modo de vida e prioridades em perspectiva, fazendo a si mesmo a seguinte questão: "O que Jesus faria?". A partir daí, ele propõe aos membros de sua igreja o desafio de se comprometerem durante um ano a não fazer nada sem antes perguntar o que Jesus faria na mesma situação. O desenrolar dos fatos descreve a experiência, tanto de satisfação e realização pessoal, como também de conflito e incompreensão que as pessoas vão tendo à medida que se empenham em seguir a proposta apresentada.

O segundo é o relato de um fato real. Conta a história de Sarah. Uma inglesa que iniciou sua carreira profissional como diretora de publicidade, promovendo filmes como Super-Homem III. Fez sucesso rapidamente, tornando-se responsável pela divulgação e promoção de filmes como Greystake, a Lenda de Tarzan, Os Gritos do Silêncio, Os 101 Dálmatas. Depois começou trabalhar na TV britânica, realizando programas de entrevistas e produzindo shows, minisséries e programas especiais. Mas, a vida de Sarah deu uma guinada, mudando completamente seus planos. Dedicou sua vida a Deus, ingressou numa organização missionária que atua também no Brasil. Do mundo do cinema e da TV, ela veio direto para o morro do Borel, no Rio de Janeiro, onde iniciou um trabalho sócio-espiritual com crianças de rua que enfrentam a marginalidade e a prostituição. Deus confirmou este trabalho, que hoje é um Ministério Programa Criança Feliz, em Belo Horizonte/MG.

Não sei se Sarah de Carvalho leu Sheldon, mas são situações idênticas. Ela tinha uma vida de sucesso, altos projetos e fama no meio social onde trabalhava. Entretanto, algo a inquietava, sentia-se incompleta e foi impulsionada a tomar a atitude que Jesus faria se estivesse presenciando o que ela e todos nós presenciamos hoje. Assim, trocou o brilho dos refletores do cinema e da TV pelo lado sombrio das favelas e ruas brasileiras.

Fazendo um paralelo entre os dois livros, ficção/realidade, percebe-se que Sheldon apresenta o que alguém poderia ver como um sonho inalcançável. Nossa autodefesa argumentaria; só em ficção se encontrará isso, jamais alguém iria abrir mão do seu conforto, projetos e sonhos em busca dos menos favorecidos.

É exatamente isso que quero destacar. Sheldon desafiou sua igreja a praticar a fé em Cristo e à medida que o desafio é aceito mudanças extraordinárias aconteceram na vida comunidade pobre de Raymond. Bom, tudo é ficção, mas podemos tirar lições valiosas de ficções, ilustrações e parábolas, o método mais utilizado por Jesus em seu ministério.

Não precisamos ir muito longe, para sermos desafiados a tomar alguma atitude diante da situação decadente da sociedade alagoana. Crimes bárbaros têm ocorrido em nossa cidade. Alagoas tem estado em alta nos índices de violência, mortalidade infantil, corrupção e tudo isso deixa-nos perplexos.

Analisando o nosso Cristianismo Pós-Moderno, percebemos que estamos sendo colocados à prova. Nos nossos cultos, queremos sempre ouvir mensagens de paz, ânimo e poder, que nos impulsione a continuar a caminhada cristã, mas, o que precisamos realmente é rever o tipo de cristianismo que estamos praticando, repensar nosso discipulado. Temos sido bombardeados pela mídia com o evangelho imediatista, mercantilista e místico. E tudo isso entra em choque com o evangelho de Cristo, que deixou sua glória, se fez pobre e veio conviver com os necessitados. “Deus prova o seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores. Romanos 5.8. Assumiu a cruz, morreu e ressuscitou para nos resgatar da morte eterna.

Segundo Pr. Alexandre Augusto; “as melhores mensagens ainda são pregadas nas igrejas, talvez Deus assim permita, no afã de que muitos se convertam”. A palavra converter vem do Latim e significa “fazer dar uma volta, transformar”, de COM, “junto”, mais VERTERE, “virar”. Originalmente seu uso era o de “fazer alguém mudar de religião”.

Qual tem sido nossa postura cristã diante das necessidades sociais e o que temos feito para amenizar o sofrimento da massa que clama por socorro? Temos sido abençoados por Deus em todas as áreas da vida. Nossa comunidade cristã tem prosperado material, intelectual e espiritualmente. Estamos fartos e acomodados como a igreja de Laodicéia, em Ap 3.17-20. “Você diz: ‘Eu sou rico, tenho tudo o que necessito; não preciso de coisa alguma’. E não percebe que espiritualmente você é um desgraçado, um miserável, um pobre, cego e nu. O meu conselho a você é que compre de mim ouro puro, ouro purificado pelo fogo, só então você será verdadeiramente rico. E que adquira de mim vestes brancas, limpas puras, para cobrir a sua vergonha e nudez; e compre de mim remédio para curar os seus olhos e devolver-lhe a sua vista. Eu corrijo e disciplino todo aquele a quem amo; portanto, abandone a sua indiferença e se torne um entusiasta das coisas de Deus. Atenção! Eu tenho permanecido à porta, e estou batendo constantemente. Se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, eu entrarei e farei companhia a ele, e ele a mim”. Tradução NTLH.

Só a Palavra de Deus poderá nos tirar da inércia, letargia e nos impulsionar a agir pelo seu poder. Estamos fartos materialmente, mas necessitamos passar pelo processo do ouro, para irradiar luz. Precisamos também da pureza de Deus em nossas vidas para preservamos o mundo e visão espiritual para enxergarmos pelo ângulo de Deus e agirmos conforme o seu direcionamento.

Não deixemos Jesus continuar do lado de fora, batendo e dizendo; “Se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, eu entrarei”(...) Repensemos nosso discipulado e adotemos a frase “o que faria Jesus”? Lutemos pela expansão do Reino de Deus no nosso contexto social.

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Fonte:http://www.jneweb.com.br/
Postado em
09 de março de 2012

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