Haik Hovsepian, pastor martirizado em 1994
IRÃ (3º) - Filho de mártir diz que os cristãos que protestaram contra a reeleição de Mahmoud Ahmadinejad podem sofrer perseguição mais intensa. Ele acredita, no entanto, que os eventos recentes trouxeram união para a Igreja iraniana e que o regime no país não será mais o mesmo
Joseph Hovsepian é filho do falecido bispo Haik Hovsepian, que foi martirizado no Irã em 1994. Joseph e sua família vivem atualmente nos Estados Unidos.
Segundo relatos de amigos que vivem no Irã, Joseph disse que poucos cristãos foram às ruas protestar, embora compartilhem das exigências dos manifestantes que pedem a recontagem total dos votos e mais liberdade.
“Não podemos nos esquecer que o perigo para os cristãos que protestam no Irã é dobrado”, ele afirma. “Se o que vemos na mídia é a forma como o governo reprime os manifestantes muçulmanos, que gritam Allahu Akbar (Deus é maior), imagine como deve ser pior para aqueles que clamam pelo socorro de Jesus!”
“Sei que o regime planeja revidar de forma dura e intransigente, colocando pessoas na rua para silenciar os protestos. Prenderam muitos líderes dissidentes. As pessoas vivem com medo.”
“Entretanto, acredito que o regime não será mais o mesmo. Com esses protestos, certamente ele irá mudar. Espero, pessoalmente, que ele se oriente para criar um Irã mais livre e aberto.”
Joseph acrescenta que os eventos atuais serviram para unir a Igreja iraniana.
“Eles se reúnem e pedem a Deus para fazer o bem surgir dentre os eventos que o mundo tem acompanhado. Temos visto na História que, durante crises e pressões, as pessoas se unem e deixam de lado as diferenças de opinião. É isso que acontece com a Igreja no Irã. Eles veem nisso tudo uma oportunidade para compartilhar o evangelho com essa nova geração, cansada da ditadura e do islamismo forçado sobre o povo.”
Esperança e perdão em meio a lembranças dolorosas
“Definitivamente, existe um misto de ansiedade, esperança e tensão. A Igreja espera em Deus.”
Joseph salienta que tem sido “bem animador ver tantos cristãos no ocidente se lembrando do Irã em suas orações, preocupados com o que está acontecendo lá”.
“Minha família e eu temos passado por um período único, emocionante. Acordamos e vamos dormir cercados de notícias do Irã. Mas regularmente nos lembramos de que Deus está no controle. Era isso que meu pai sempre dizia quando nos preocupávamos com ele. Saber que Deus vê tudo e controla tudo me ajuda muito, em especial durante épocas de crise.”
O assassinato de Neda Agah-Soltan, 26, morta durante um protesto em Teerã, trouxe à memória a morte brutal do pai de Joseph. Ele foi esfaqueado 26 vezes. Ele era um líder evangélico iraniano.
“Na primeira vez que assisti ao vídeo de Neda, me lembrei da hora chocante em que vi o corpo ensanguentado do meu pai no necrotério. Eu tinha 19 anos de idade. Na segunda vez que vi a cena, estava com minha mãe e meus irmãos. Todos nós choramos. A primeira reação era de raiva e ódio. Mas, então, voltamos à estrada do perdão. Continuamos a orar, como muitos fizeram por nós na época do martírio do meu pai.”
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