sábado, 3 de setembro de 2022

Como é a perseguição aos cristãos na Nicarágua?

O pastor José Orisvaldo Nunes de Lima, presidente da Assembleia de Deus em Alagoas, tem pedido oração pelos cristãos naquele país


Sob o comando do presidente Ortega, igrejas e cristãos são vistos como agentes desestabilizadores, o que os torna alvos de intimidação, assédio, vigilância e ataque. Essa situação não os impede de denunciar as injustiças e as violações aos direitos humanos cometidas pelo governo. 

 O período eleitoral e o reajuste do quadro legal são usados como um pretexto para aumentar as restrições às igrejas e aos líderes cristãos que exigem publicamente o respeito ao Estado de direito – especialmente durante o período das eleições – e que têm ajudado os mais necessitados, incluindo aqueles considerados oponentes do partido no governo, a Frente Sandinista de Libertação Nacional.

 "Não seria estranho que tudo faça parte da oferta de vidas humanas a Satanás para permanecer no poder, porque durante seu longo governo prevaleceram muitas mortes." 

 O que mudou este ano?

 A natureza do regime ditatorial implantado pela elite do presidente Ortega tem feito todos os esforços para silenciar ativistas que exigem a participação da sociedade civil e o respeito à democracia. Esse foi o caso especificamente na véspera das eleições de novembro de 2021. Líderes cristãos, especialmente ligados à Igreja Católica Romana, denunciaram abusos aos direitos humanos e forneceram ajuda humanitária e, como resultado, enfrentaram vigilância, discriminação, difamação e outras formas de hostilidade. O objetivo final da intimidação aos cristãos é fazer com que a igreja e seus líderes percam a credibilidade entre a população.

Quem persegue os cristãos na Nicarágua?

 O termo “tipo de perseguição” é usado para descrever diferentes situações que causam hostilidade contra cristãos. Os tipos de perseguição aos cristãos na Nicarágua são: paranoia ditatorial, opressão comunista e pós-comunista e corrupção e crime organizado.

 Já as “fontes de perseguição” são os condutores/executores das hostilidades, violentas ou não violentas, contra os cristãos. Geralmente são grupos menores (radicais) dentro do grupo mais amplo de adeptos de uma determinada visão de mundo. As fontes de perseguição aos cristãos na Nicarágua são: oficiais do governo, partidos políticos, grupos paramilitares, grupos de pressão ideológica e redes criminosas.

Quem é mais vulnerável à perseguição na Nicarágua?

 Dado o controle totalitário do governo em todo o país, a perseguição é presente em todas as partes e níveis da nação. As cidades com maior número de incidentes de perseguição contra cristãos são Jinotega, Managua, Masaya, Matagalpa, Estelí e León.

Como as mulheres são perseguidas na Nicarágua?

 Comparado a outros países da América Latina, meninas e mulheres experimentam relativamente pouca perseguição religiosa com base em gênero. As que enfrentam maior risco são dissidentes do regime. Mulheres cristãs — principalmente católicas — se enquadram nessa categoria. Elas se encontram facilmente à mercê de grupos criminosos e aliados do governo que as mantêm sob constante vigilância.

 O atual estado de opressão sob o comando do presidente Ortega piorou no período de pesquisa da Lista Mundial da Perseguição 2022, colocando as mulheres em uma situação de extrema vulnerabilidade. Devido à falta de confiança no sistema judicial, muitas vítimas não reportam os crimes cometidos contra elas. Agressores aproveitam a impunidade e mesmo aqueles que foram presos por seus crimes muitas vezes recebem indultos posteriormente.

 Meninas e mulheres cristãs também sofrem com a perda de membros masculinos na família, que são mais vulneráveis a serem presos, sequestrados ou forçados a fugirem da Nicarágua. No geral, as mulheres nicaraguenses continuam sob o risco de violência doméstica, embora a introdução da nova legislação para combatê-la tenha sido bem recebida como um desenvolvimento positivo. 

Como os homens são perseguidos na Nicarágua? 

 Em geral, meninos e homens são mais propensos a experimentar formas visíveis de perseguição do que mulheres. Isso está ligado diretamente aos papéis que meninos e homens assumem. Rapazes costumam participar mais de protestos pedindo a saída do presidente e sofrem retaliação do governo. Além disso, a maioria dos líderes de igrejas (principalmente católicos) ou líderes de ministério são homens.

 Quando o governo identifica um homem associado a uma igreja conhecida por sua oposição ao regime, ele é mais vulnerável à repressão e sofrerá adversidades e pressão por agentes estatais e não estatais. Aqueles que forneceram abrigo e assistência médica aos manifestantes em 2018 continuam experimentando retaliação do governo anos depois, incluindo calúnia, investigações arbitrárias por agências governamentais e acusações infundadas.

 Padres católicos são principalmente difamados pelo presidente Ortega. Conforme apontado em um relatório recente pelo Centro Nicaraguense de Direitos Humanos: “Em 2020 o ódio do governo à Igreja Católica não cessou, pelo contrário, piora a cada dia, tendo atingido níveis críticos”. Padres e paroquianos são feitos reféns dentro das igrejas, negando-lhes água e eletricidade, com abusos verbais e agressões físicas. Outros foram sequestrados ou presos, enfrentando maus-tratos e impedimento de ter acesso a membros da família.

 Como resultado dos altos níveis de pressão, muitos homens – principalmente líderes de igrejas – sentem-se forçados a fugir do país, enfrentando o risco de serem capturados por traficantes de pessoas e outros grupos criminosos.

Fonte: https://adalagoas.com.br/
Postado: 03 de setembro de 2022

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